
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
A Crise

SIMENON E A CRISE

2. ... o mágico Simenon que, em duas penadas, nos mergulha num mundo fascinante e nos revela almas? Nos agarra e apaixona. Desvenda os abismos da nossa natureza, os nossos anseios e frustrações –e a poesia da nossa breve caminhada. Houve quem o considerasse o Balzac do século XX. Fixou uma época e, à maneira do mestre oitocentista, descreveu figuras marcantes. Que diria ele deste nosso tempo irresponsável, canibalesco, indecente –em que os empórios se fazem e desfazem sobre cadáveres?
Manuel Poppe, O Outro Lado
Jornal de Notícias [7.Dez.2008]
domingo, 7 de dezembro de 2008
NAMORO
E com letra bonita eu disse que ela tinha
Um sorriso luminoso tão quente e gaiato
Como o sol de Novembro brincando de artista
Nas acácias floridas
Espalhando diamantes
Na fímbria do mar
E dando calor ao sumo das mangas
Sua pele macia – era sumaúma…
Sua pela macia, da cor do jambo,
Cheirando a rosas, sua pele macia
Guardava as doçuras do corpo rijo
Tão rijo e tão doce – como o maboque…
Seus seios, laranjas – laranjas do Loje
Seus dentes… - marfim…
Mandei-lhe esta carta
E ela disse que não.
Mandei-lhe um cartão
Que o amigo maninho tipografou:
“por ti sofre o meu coração”
Num canto – SIM, noutro canto – NÃO
E ela o canto do NÃO dobrou
Mandei-lhe um recado pela Zefa do Sete
pedindo, rogando de joelhos no chão
pela Senhora do Cabo, pela Santa Ifigénia,
me desse a ventura do seu namoro…
e ela disse que não
Levei à Avó Chica, quimbanda de fama,
A areia da marca que o seu pé deixou
Para que fizesse um feitiço forte e seguro
Que nela nascesse um amor como o meu…
E o feitiço falhou.
Esperei-a de tarde, à porta da fábrica
Ofertei-lhe um colar e um anel e um broche,
Paguei-lhe doces na calçada da Missão.
Ficámos num banco do Largo da Estátua,
Afaguei-lhe as mãos…
Falei-lhe de amor… e ela disse que não.
Andei barbado, sujo e descalço
Como um mona-ngamba.
Procuraram por mim
“Não viu… (ai, não viu…?) não viu Benjamin?”
E perdido me deram no morro da Samba.
Para me distrair
Levaram-me ao baile do Sô Januário
Mas ela lá estava num canto a rir
Contando o meus caso
Às moças mais lindas do Bairro Operário.
Tocaram a rumba dancei com ela
E num passo maluco voámos na sala
Qual uma estrela riscando o céu!
E a malta gritou:”Aí, Benjamin”
Olhei-a nos olhos – sorriu para mim
Pedi-lhe um beijo... e ela disse que sim.
Letra: Viriato Cruz
Música: Fausto
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
VELHOS

Uma era justa e boa
Em que o valor da pessoa
Se mantém quando envelhece.
Está no trabalho que fez.
Para conseguir uma coisa como esta
Dava o sangue que me resta
E era como se tivesse
Nascido mais uma vez.
Deram-nos este banco de avenida
Onde a sombra nos dói e a tarde gela
E daqui vemos nós passar a vida
Sem que a vida nos sinta perto dela.
Assim nos atiraram para fora
Das coisas que ajudámos a fazer
Ai, como o Sol aquece pouco agora
Ai, muito custa, à noite, adormecer.
Diz que há-de vir, etc.
Fomos pedreiros, varredores, ardinas
Fizemos casas, cultivámos terras,
Criámos gado, entrámos pelas minas
Demos os filhos para as vossas guerras
Demos as filhas para vos servir
Cortámos lenha para a vossa fogueira
E o tempo a ir-se e a gente a pressentir
Que vos demos, sem querer, a vida inteira.
Diz que há-de vir, etc.
E ainda é sangue que nas veias corre
Ainda raiva que nos dobra a mão
Ainda como um sonho que não morre
No nosso velho e atento coração.
Diz que há-de vir, etc.
Afonso Dias
domingo, 23 de novembro de 2008
Andorinha de bigodes
Foto: Mafalda Frade

No entanto, as alterações, que se estão a verificar, das correntes marítimas diminuem a quantidade de alimento nesta costa, afectando as espécies que aí habitam. Muitas ficam sem alimento, como é o caso desta andorinha-do-mar. A pesca excessiva da anchova, seu alimento favorito, associada à indústria que recolhe os dejectos (guano) destas e de outras aves, faz com que esta andorinha corra o risco de extinção.
Na Natureza, existem apenas cerca de 150 mil indivíduos. No Oceanário de Lisboa, no habitat do Antárctico, junto aos pinguins, há uma família de andorinhas-do-mar. Se as for visitar, não se surpreenda se algum deles lhe atirar com um peixe. Fazem isso quando querem namorar.
Texto: Oceanário; Fonte: Terra do Nunca
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Ainda actual?...

Somos o que somos por termos sido o que fomos
Protesto contra o facto de haver maternidades sem as condições mínimas estabelecidas pela Comissão Nacional de Saúde Materna e Neonatal (CNSMN) e outras maternidades receptoras que não parecem estar a respeitar as regras estabelecidas pela CNSMN.
Claro que há serviços de pseudo-urgências a mais. Era preciso encerrá-los. Mas mais uma vez foi feito o mais fácil. Encerrou-se sem cuidar de observar as condições propostas pela Comissão Técnica Nacional criada para o efeito, deixando as populações sem alternativas e sem explicações. Os resultados estão à vista.
No denominado Centro Hospitalar do Porto (Hospital Stº António, Hospital Maria Pia e Maternidade Júlio Dinis) na área Materno Neonatal e Infantil vão gastar-se milhões para tudo ficar pior. Em relação aos países modernos vamos regredir cerca de cinquenta anos! As crianças vão continuar num hospital de adultos. As grávidas de alto risco saem de um hospital multidisciplinar e vão para uma maternidade monovalente! Precisamente o contrário do que devia ser feito.
Veremos os resultados.
Dizem-me também que as crianças deficientes e com dificuldades de aprendizagem vão deixar de ter apoio de profissionais formados para o efeito (muitos no desemprego). Não quero acreditar que seja verdade. Se é, é muito, mesmo muito mau.
A palavra de ordem parece ser cortar. Cortar em tudo sem serem oferecidas alternativas de qualidade. Segundo se lê nos jornais, parece que só não se corta nas reformas e indemnizações inacreditáveis a alguns gestores. Num país com famílias com uma taxa de endividamento tão alta e um salário tão baixo isto não é justo.
Octávio Cunha (Médico pediatra)
Notícias Magazine [10.Fev.2008]
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Para quando?
Tal como na escola o aluno só aprende quando se esforça para isso e não quando alguém lhe impõe que tem de saber, também na vida a evolução das pessoas e dos povos só acontece quando aprendem por si próprios e não porque lhes é imposto. Tal como na escola o aluno necessita de ter condições mínimas para aprender (logísticas, pedagógicas, etc.), também na vida as pessoas e os povos necessitam de ter condições mínimas para fazerem a sua própria evolução (sanitárias, económicas, etc.).
Tal como na escola o aprendizado individual não prejudica o colectivo, pelo contrário pode servir de apoio ou incentivo ao aprendizado dos colegas, também na vida a verdadeira evolução individual ou de qualquer grupo só poderá ser a que não prejudica o colectivo, mas, pelo contrário, pode servir de apoio ou de incentivo à evolução de terceiros.
Tal como na escola o professor consegue tão melhores resultados quanto mais conquista a atenção dos alunos e desenvolve neles o prazer de adquirirem conhecimentos pelo seu esforço próprio, também na vida real os grandes líderes se distinguem por conquistarem a atenção dos membros dos seus grupos e de os galvanizarem no sentido de fazerem a sua trajectória evolutiva pelo seu esforço, evitando prejudicar seja quem for.
Enquanto os povos mais abastados e os seus líderes não perceberem a necessidade de reverem o arcaico e injusto sistema de trocas, que permite uma enorme desigualdade de condições com os povos do chamado terceiro mundo, será difícil criar condições de desenvolvimento verdadeiramente sustentável e de evolução pacífica para a Humanidade.
Enquanto os povos mais abastados ignorarem a miséria e a fome que matam milhões de pessoas em certas regiões mais desfavorecidas, não procurando solidariamente conquistar a atenção desses povos para o prazer de construírem um futuro melhor pelo seu próprio esforço, será difícil acabar com ódios e guerras entre seres que se autoproclamam de racionais, mas que demonstram ainda grande dificuldade em raciocinar com discernimento.
Luís Portela, O Prazer de Ser
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
REFLECTIR COM LUÍS PORTELA

Reverência pode ser sinónimo de mesura, cumprimento, tratamento especial dado a membros do clero, ou respeito pelas coisas consideradas sagradas.
Mas também pode querer dizer respeito pela Vida; respeito pela vida em todas as suas formas. Desejar não prejudicar ou destruir e assumi-lo progressivamente. Ser capaz de fazer o seu próprio trajecto evolutivo de uma forma equilibrada e harmoniosa perante o Todo Universal.
Reverência será então uma forma profunda de contacto com a Vida, para além do invólucro das aparências, procurando penetrar na essência. Será procurar perceber o seu próprio estado de ser, bem como a essência de cada pessoa, animal, planta, coisa. Será uma forma solidária de estar ou, mesmo, de ser. Implica somar ou multiplicar, nunca subtrair. Passa por construir e desenvolver, apoiar, partilhar e dar. Será uma forma responsável de estar ou, mesmo, de ser. Implica perceber a sua verdadeira força interior e a sua apreciável capacidade de realização. Passa por perceber, interiorizar, aprender como o pensamento, a palavra e a acção determinam a natureza das vivências. Está para além do respeito, porque este implica um juízo, uma reacção à percepção de qualidades que aprendemos a admirar, as quais podem variar de acordo com a cultura preponderante. Assim, o que é respeitado por umas pessoas pode não ser respeitado por outras. Mas a reverência todos a merecem e quem a assume fá-lo indiscriminadamente. A reverência deve permitir analisar serenamente o que se passa consigo e em torno de si no enquadramento da evolução do seu próprio eu e de todos aqueles que evoluem à volta (nos diferentes reinos da natureza). Deve permitir perceber o significado de cada criatura e das suas experiências no contexto universal. Deve conduzir à situação de já não se poder prejudicar a Vida, ao se sentir e assumir como parte dela. Uma pessoa reverente deve honrar a Vida em todas as suas formas e em todas as suas vertentes. O que parece fazer sentido é que todos acabem, mais cedo ou mais tarde, por atingir esse estado. Talvez as nossas escolhas se limitem a quando é que isso irá acontecer, bem como ao tipo de vivências que teremos para lá chegar.
Luís Portela
Jornal de Notícias, 30.07.2008
quinta-feira, 26 de junho de 2008
CANSAÇO

quinta-feira, 12 de junho de 2008
quinta-feira, 22 de maio de 2008
ALERTA VERMELHO
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Está adiado o sonho de o prémio Nobel da Paz, o bengali Muhammad Yunus, impulsionador do microcrédito, ver a fome restringida a museus para que o ser humano nunca se esquecesse das tragédias que a fome provoca. A fome foi e é, mais do que as guerras e a peste, a pior arma de destruição maciça. Foi e é responsável por inúmeros e silenciosos morticínios humanos.
Com a incompetência, a indiferença e a ganância instaladas há décadas na governação global, nos seus aliados institucionais (FMI, BM, OMC…) e em alguns fundos globais, sem ética, continuaremos a observar por muito tempo o nefando quadro da fome: ela instalou-se no nosso seio e já está a ceifar milhões de vidas.
As causas do espectro da fome global são múltiplas, todas previsíveis e evitáveis, não fossem os aprendizes de feiticeiro já citados terem dado ou obtido de bandeja todas as oportunidades para agravarem o mortífero tsunami silencioso da fome. De desregulamentação em desregulamentação, chegou-se à desenfreada especulação sobre os alimentos, prevendo a ONU que se possa chegar, se medidas estruturantes urgentes não forem tomadas, ao morticínio de cem milhões de pessoas! E não falo dos sofrimentos que o espectro da fome provoca, como aquele que observei na fronteira entre Jalalabad (Afeganistão) e Peshawar (Paquistão): adultos e crianças, tentando passar sorrateiramente, evitando bastonadas, alguns quilos de farinha para sobreviver! Nesse jogo do gato e do rato, uma menina afegã de oito anos morreu, marcando indelevelmente a minha consciência humana.

Não é com a injecção pontual de milhões de euros que se resolve a epidemia da fome. Se não se aplicarem as medidas estruturais referidas, o genocídio pela fome vai agravar-se. As primeiras vítimas dessa praga social criada pelo homem são sempre as mesmas: os miseráveis dos países mais pobres. Por efeito de ricochete, seremos todos atingido. Temos de reagir todos e agora, pois o espectro da fome já está entre nós!
Fernando Nobre, Presidente da AMI
sexta-feira, 16 de maio de 2008
A VERGONHA DOS RECIBOS VERDES
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Andam por aí uns tipos "fartos de recibos verdes". Não é a cor do recibo que os incomoda, é a discriminação a que tresanda. Cumprem horário, como o parceiro do lado. Estão, como ele, sob cutelo disciplinar. Podem até ser mais competentes. Mas são descartáveis, provisórios. Estão de passagem, quantas vezes para o desemprego.
Paulo Martins, in “De ciência incerta”, Jornal de Notícias [15.05.2008]
terça-feira, 6 de maio de 2008
Porque a TERRA é a nossa CASA...
Enquanto os tambores comunicacionais faziam ecoar a crise alimentar mundial, a tal que ninguém previu e ninguém preveniu, comemorou-se o Dia da Terra, celebrado a 22 de Abril. Mesmo com escassa tradição entre nós, a efeméride não passou totalmente despercebida em Portugal. E falou-se do estado do planeta, das mazelas que lhe conhecemos, da nossa responsabilidade nas doenças planetárias, do que podemos fazer para lhe baixar, ao planeta, a febre e o esgotamento.
Falou-se inevitavelmente em "salvar a Terra". Mas será esse o apelo exacto, e necessário? Talvez, porque simplificando, a tarefa tem essa dimensão. Mas a Terra devia preocupar-nos porque vivemos nela e dela. Egoísmo humano? Verdade é que o nosso pequeno planeta azul passou muito tempo sem nós. A presença humana ocorre no último minuto, se considerarmos o tempo de vida que a Terra já leva, e mesmo a maravilhosa aventura da vida decorreu, na maior parte da sua lenta evolução, sem sinais do "Homo Sapiens Sapiens". Mais ainda da mesma forma, a Terra passaria muito bem sem nós. Apesar dos estragos que lhe infligimos, se por acaso desaparecêssemos, a vida encontraria os seus caminhos sem esta espécie diferente e inquieta que é a nossa. Um ambiente terrestre tornado hostil à presença e prosperidade dos humanos, inviabilizando a civilização orgulhosa que construímos, não seria necessariamente vazio e estéril.
Há pouco tempo, causou sensação nos Estados Unidos e não apenas, um livro intitulado "O mundo sem nós" do autor de livros científicos Alan Weisman.
Na obra, uma catástrofe inesperada e brutal (não especificada) leva ao desaparecimento da nossa espécie. Weisman especula então sobre o que aconteceria na que é hoje Nova Iorque, desde o momento do desmoronamento humano até milhões de anos depois.
Os escombros dos arranha-céus durariam décadas, apesar dos incêndios, mas o aço inoxidável das panelas perduraria por milénios e certos plásticos ficariam intactos durante centos de milhares de anos, pelo menos até que micróbios de nova estirpe evoluíssem para poderem consumi-los. Pior memória deixariam os reactores nucleares abandonados perto da grande cidade, porque sem sistemas de refrigeração a água, derreteriam, e o plutónio 239 radioactivo espalhar-se-ia, contaminando tudo nos séculos vindouros e originando estranhas mutações nas plantas e animais. Mas a história acaba com as árvores, estranhas árvores, rebentando os asfaltos de Manhattan e lobos e alces vivendo nos matagais de Wall Street. Mesmo com o chumbo, vertido pelos automóveis, que levaria 35 mil anos a dissipar-se dos solos. Como pormenor curioso, o escritor refere ainda que, passados milhões de anos, transmissões de televisão continuariam a percorrer o espaço exterior, talvez transportando pelo éter algum "reality-show".
A Terra não é uma abstracção. Melhorar o seu estado não deve ser entendido como um acto de generosidade para com a pobre e simpática esfera, cujas fotos captadas do espaço tanto nos comovem. Trata-se da sobrevivência da Humanidade em termos duráveis, mesmo que o nosso cálculo (seria a suprema incoerência) não possa ignorar o destino e o direito à existência dos outros seres vivos, condóminos desta "Nave Espacial Terra".Por isso, quando se vê a indiferença de tanta gente, e a persistência na ideia de "progresso" que nos diz que é preciso "crescer", produzir e consumir até ao paroxismo, apetece dizer que o Dia da Terra, todos os dias, devia ser tempo de pensar no futuro. No nosso, com humano olhar angustiado e esperançoso, medindo bem os passos dentro da única Casa que temos. A partir desta cidade e desta rua.
quinta-feira, 1 de maio de 2008
quinta-feira, 24 de abril de 2008
segunda-feira, 21 de abril de 2008
segunda-feira, 31 de março de 2008
Por um TIBETE livre!


à comunidade internacional, que nos ajude, por favor.
Dalai Lama
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Em 1950, o exército chinês ocupa Lassa, a capital do Tibete. Perante o silêncio internacional, os chineses iniciaram um "programa" de dizimação da cultura e sociedade tibetanas, sob o pretexto de ajudar os tibetanos a regressarem à pátria-mãe chinesa e de os libertar do "jugo do feudalismo".
Com o início dos confrontos armados em 1959, o Dalai Lama foi obrigado a deixar o seu país e a exilar-se na Índia (em Dharmsala, que passou a ser a sede do governo tibetano, no exílio), onde se dedica à causa da libertação do Tibete, através da não-violência . Juntamente com seis milhões de tibetanos espera que a comunidade internacional reaja à situação do seu país.
Em 1965, a China conferiu ao Tibete o estatuto de região autónoma, tentando demonstrar à comunidade internacional os benefícios da ocupação chinesa através da construção de hospitais, centrais eléctricas, estradas e escolas. No entanto, este progresso material em nada beneficiou os tibetanos (que são já uma minoria no seu próprio país), antes pelo contrário, somente aproveitou ao crescente número de emigrantes chineses que, encorajados pelo governo, continuam a usurpar todos os sectores político-económicos do Tibete.
Confrontado, agora, com o maior movimento tibetano desde há duas décadas, o chefe espiritual, numa carta aberta às "irmãs e irmãos chineses", assegurou querer "trabalhar com as autoridades chineses para a paz e a estabilidade do Tibete".
O Dalai Lama quer retomar o diálogo com Pequim e exprimiu o desejo de se encontrar com o presidente chinês, Hu Jintao, depois da crise terminada.
O governo de Pequim acusa o líder espiritual de "fomentar" as manifestações no Tibete - que provocaram 19 mortos, segundo Pequim, ou 140, segundo o governo tibetano no exílio - com o objectivo de sabotar os Jogos Olímpicos.
O Dalai Lama que participou, em Nova Deli, numa cerimónia de orações e meditação pelas vítimas dos motins, apela à comunidade internacional para ajudar a resolver a crise no Tibete.
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EU APOIO O POVO TIBETANO NA LUTA PELA CONQUISTA DA SUA AUTONOMIA POLÍTICA, CULTURAL E RELIGIOSA.
DIGO NÃO À GANÂNCIA E PREPOTÊNCIA DA CHINA.
O DALAI LAMA TEM DEFENDIDO A OBTENÇÃO DA AUTONOMIA, PELA VIA PACÍFICA. ESSA É MAIS UMA DAS RAZÕES QUE JUSTIFICA O MEU APOIO INCONDICIONAL À SUA CAUSA.
É NECESSÁRIO PRESSIONAR AS POTÊNCIAS OCIDENTAIS PARA QUE SE ENVOLVAM NESTA CAUSA JUSTA.
quarta-feira, 26 de março de 2008
PORQUE É PRECISO OPTAR...

Admiro o optimismo do autor e a sua confiança no Homem. Está a terminar o terceiro mês de 2008. Há algum indício da tal mudança imprescindível? Não vejo qualquer sinal. E tenho muito medo do futuro.
UM MUNDO MELHOR
sexta-feira, 21 de março de 2008
quinta-feira, 20 de março de 2008
A História das Coisas
sexta-feira, 14 de março de 2008
O Céu longe ou perto?

O Céu cada vez mais longe
terça-feira, 11 de março de 2008
2008: A GLOBALIZAÇÃO NEOLIBERAL PASSOU À HISTÓRIA


Nos anos 80, estas ideias foram propostas como uma visão oposta às igualmente velhas visões socialista e/ou keynesiana que tinham prevalecido na maioria dos países à volta do mundo: de que as economias deviam ser mistas (Estado mais empresas privadas); de que os governos deviam proteger os seus cidadãos das depredações das corporações estrangeiras quase monopolistas; e de que os governos deviam tentar igualar as oportunidades de vida, transferindo benefícios dos residentes menos abastados (especialmente nas áreas da educação, da saúde e das garantias de rendimentos por toda a vida), o que exigia evidentemente a colecta de impostos dos residentes mais ricos e das empresas.
O programa da globalização neoliberal tirou vantagem da estagnação mundial que começou depois de um longo período de expansão global sem precedentes, desde o pós-1945 até o início dos anos 70, que encorajara o domínio político das visões socialistas e/ou keynesianas. A estagnação dos lucros criou problemas de balança de pagamentos a um grande número de governos do mundo, especialmente no Sul global e no chamado bloco socialista de nações. A contra-ofensiva neoliberal foi liderada pelos governos de direita dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha (Reagan e Thatcher) mais as duas principais agências financeiras intergovernamentais - o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial -, e estes em conjunto criaram e impuseram o que veio a ser chamado de Consenso de Washington. O slogan desta política conjunta global foi cunhado por Mrs. Thatcher: TINA, sigla em inglês de Não Há Alternativa. O slogan tinha a intenção de transmitir a todos os governos a mensagem de que tinham de entrar em linha com as recomendações políticas, ou seriam punidos pelo crescimento lento e pela recusa de assistência internacional no caso de virem a enfrentar dificuldades.
O Consenso de Washington prometeu um renovado crescimento económico para todos e uma saída para a estagnação global. Politicamente, os proponentes da globalização neoliberal tiveram grande sucesso. Governo após governo, - no Sul global, no bloco socialista e nos fortes países ocidentais - privatizaram indústrias, abriram as fronteiras ao comércio e às transacções financeiras, e fizeram cortes no estado de bem-estar social. As ideias socialistas, mesmo as ideias keynesianas, foram amplamente desacreditadas na opinião pública, e as elites políticas renunciaram a elas. A consequência visível mais dramática foi a queda dos regimes comunistas na Europa central e do Leste e na ex-União Soviética, mais a adopção de uma política amigável ao mercado pela ainda nominalmente socialista China.
O único problema com este grande sucesso político foi não ter sido acompanhado pelo sucesso económico. A estagnação dos lucros das empresas industriais continuou em todo o mundo. A subida do mercado bolsista por todo o mundo baseou-se não em ganhos produtivos mas sim em manipulações financeiras especulativas. A distribuição dos rendimentos em todo o mundo e dentro dos países tornou-se muito distorcida - um grande aumento no rendimento dos 10% mais ricos e especialmente do 1% mais rico das populações mundiais, mas um declínio no rendimento real do resto das populações mundiais.
As desilusões com as glórias de um "mercado" irrestrito começaram a aparecer em meados dos anos 90. Pudemos observar este fenómeno em muitos eventos: o regresso ao poder de governos mais orientados para o bem-estar social em muitos países; o regresso dos apelos a políticas governamentais proteccionistas, especialmente por parte de movimentos sindicais e organizações de trabalhadores rurais; o crescimento mundial de um movimento de alterglobalização cujo lema era "um outro mundo é possível".
Esta reacção política cresceu lenta mas firmemente. Entretanto, os promotores da globalização neoliberal não só insistiram como aumentaram a pressão, com o regime de George W. Bush. O governo de Bush forçou simultaneamente a distribuição distorcida dos rendimentos (via grandes cortes de impostos aos muito ricos) e uma política externa de militarismo unilateral (a invasão do Iraque). Financiou estas políticas por uma fantástica expansão do endividamento através da venda de títulos do Tesouro dos EUA aos controladores das reservas mundiais de energia e das instituições de produção a baixo custo.
Parecia bom no papel, se tudo o que se lesse fossem os números das Bolsas de Valores. Mas era a uma bolha de super-crédito que estava fadada a estourar, e está agora a estourar. A invasão do Iraque (mais do Afeganistão mais o Paquistão) está a mostrar-se um grande fiasco político e militar. A solidez da economia dos Estados Unidos foi desacreditada, provocando uma queda radical do dólar. E as Bolsas do mundo estão a tremer à medida que enfrentam o furo da bolha.
Que conclusões políticas estão a tirar governos e populações? Parece haver, de imediato, quatro. A primeira é o fim do papel do dólar americano como moeda de reserva do mundo, que torna impossível a continuidade da política de super-endividamento tanto do governo dos Estados Unidos quanto dos seus consumidores. A segunda é o regresso a um alto grau de proteccionismo, tanto no Norte global quanto no Sul global. A terceira é o regresso da aquisição por parte do Estado das empresas falidas e da implementação de medidas keynesianas. A última é o regresso das políticas sociais redistributivas.
A balança política está a oscilar de novo. A globalização neoliberal será descrita daqui a dez anos como uma oscilação cíclica na história da economia-mundo capitalista. A verdadeira questão não é se esta fase está encerrada, mas se a oscilação para trás será capaz, como no passado, de restaurar um estado de relativo equilíbrio no sistema-mundo. Ou os estragos foram demasiados? E estaremos agora a viver um caos mais violento na economia-mundo, e portanto no sistema-mundo no seu conjunto?
terça-feira, 4 de março de 2008
Em nome de Cristo?
Não sei o que é mais chocante na afirmação do cardeal patriarca ao "Sol" segundo a qual, com a queda da natalidade em Portugal, "a sociedade fica aberta a ser ocupada por gente vinda do terror", se o facto de D. José Policarpo pensar isso se, pensando-o, não ter pejo em dizê-lo. A expressão "gente vinda do terror" não é inocente; o cardeal não se refere a imigrantes chegados de lugares dolorosamente marcados pela miséria e a violência, não é esse o "terror" a que se refere, ou não apresentaria a situação como perigo (com ela, os cristãos portugueses até poderiam capitalizar boas acções com dividendos certos na bolsa da Salvação; pois não chamou Cristo a si os pobres e os andrajosos?). A palavra "terror" é mais óbvia trata-se de estrangeiros e pobres, que se amontoam em bairros suburbanos e não comungam nem vão à missa, isto é, "terroristas" ou delinquentes. Pior: têm "outra" cultura. Por isso, diz o cardeal, "já há sociedades europeias a braços com a multiculturalidade", como se a multiculturalidade fosse uma epidemia a erradicar. Às vezes as nossas palavras dizem mais que nós; porque é nelas, e não na razão calculista, que pulsa o coração, "o coração revelador" como diria Poe. E o coração das palavras do cardeal está cheio de sombras terríveis.
segunda-feira, 3 de março de 2008
A Lucidez de JORGE PALMA

Eu já estou farto das fotografias
Que me querem vender todos os dias
Os legionários mais os seus troféus
No chão a sangrar
Não posso mais olhar para aquela imagem
Parece que é sempre a mesma paisagem
A hipocrisia deste novo império
Faz-me vomitar
Por isso eu tornei-me um optimista céptico
Não sou bem igual ao céptico opti-místico
Só quero encontrar paz
Sem arrastar atrás nem mestre nem Deus
Já temos a informação cruzada
Empacotada e globalizada
Agora só nos falta a convicção
Para acreditar
Há assassinos que não se arrependem
Há tantos pensadores que nunca aprendem
E há quem insista sempre em aprender
Mas não quer pensar
Por isso eu tornei-me um optimista céptico…
Gostava de ser ecologista exótico
Sem perder de vista o meu perfil erótico
Ainda vou ser ilusionista crónico
Um mestre de fuga, um mago supersónico
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Será a MORTE o caminho?

São a encarnação do diabo e os culpados de tudo. Em particular, da actual crise que arrasta a economia mundial para dias menos felizes. Afinal foi a sua ganância que criou o monstro do 'subprime' – crédito hipotecário de alto risco. Agora a bomba rebentou e os estilhaços chegam a todo o lado.
Os maiores ataques ao sistema financeiro vêm dos críticos da globalização. Dos que acham que a economia liberal está à beira da falência e o que é preciso é regular tudo e todos. São coerentes. O sistema financeiro foi a auto-estrada da globalização. Este processo arrancou com as transformações nas tecnologias de informação – microprocessadores, fibra óptica, satélites, internet – que criaram uma nova realidade de comunicações baratas. As instituições financeiras foram as que melhor aproveitaram a oportunidade para expandirem as suas actividades e, desta forma, aceleraram a globalização. Portanto, para os críticos, esta crise do sistema financeiro internacional, com bancos nos Estados Unidos e na Europa a assumirem perdas de 82,2 mil milhões de euros, é o sinal de que a globalização é perigosa e tem de ser travada. Como? Com mais leis, proteccionismos e nacionalismos económicos.
Quem defende isto? Os ricos, preguiçosos e hipócritas europeus. Às segundas, quartas e sextas defendem que é preciso acabar com a pobreza no mundo. Às terças, quintas e sábados resmungam com a globalização. Esquecem-se que os dois fenómenos estão ligados. Todo este processo de mudança correspondeu também a um forte empurrão no comércio livre. Os países pobres e em desenvolvimento precisam de mercados abertos para venderem os seus produtos e poderem igualmente beneficiar dos ganhos do comércio internacional. Foi assim que a Índia e a China começaram a ganhar peso na economia mundial. As suas economias estão a crescer e isso significa mais riqueza para as populações.
A verdade é que a globalização tirou da pobreza muitas centenas de milhões de pessoas pelo mundo. É verdade que ainda há muita pobreza mas já há segmentos de população nestes países que estão a experimentar níveis de riqueza até agora só vistos no mundo ocidental e no Japão.
Portanto, a onda proteccionista que está a nascer na Europa tem motivações egoístas. O modelo europeu está em causa. Deixou de ser competitivo perante a concorrência asiática. Ter que se reinventar dá muito trabalho. Por cá, estão a defender-se os direitos adquiridos.
A globalização está a acelerar o ritmo de mudanças e isso é um choque para as pessoas. De repente, coisas que pareciam certas deixaram de o ser. A resistência à mudança é natural. Mas isso não é razão para matar a globalização com barreiras alfandegárias, nacionalizações de empresas e regulamentos para o sistema financeiro internacional. Os ganhos são claramente superiores às perdas. Só é preciso aprender com os erros, continuar a criar riqueza e, claro, dividi-la melhor.
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Este senhor, que não conheço, parece ter a verdade na mão.
Confesso que até me enjoa ouvir falar de globalização, dos lucros dos bancos, da defesa de direitos adquiridos pelos trabalhadores europeus... Estou farta de tanto paleio!!!
Pois é! A Índia e China estão a tornar-se grandes potências económicas. E à custa de quê? De trabalhadores que melhor chamaríamos de escravos e do nenhum respeito pelo Planeta em que vivemos. Não é cometendo os mesmos erros que os ocidentais cometeram que se desenvolverão; não é roubando os direitos justos dos trabalhadores (no Ocidente, para sermos competitivos) que nos salvaremos.
O Mundo está um caos. Probeza extrema em África, desemprego ou emprego precário (a recibos verdes, sem quaisquer direitos) e mal pago, no nosso país, por exemplo.
Globalização? Quero lá saber se há ou não uma economia global. O que sei é que o sistema capitalista não serve, porque assenta num desenvolvimento baseado no aumento constante do consumo. E os recursos não duram para todo o sempre e a nossa pobre Terra está doente.
Qualquer dia, isto rebenta, explode. Ou talvez a Natureza, na sua sabedoria infinita, resolva extinguir a espécie humana. É o que merecemos.
Oxalá não seja já tarde demais!!!!!
sábado, 23 de fevereiro de 2008
Sempre vivo!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
E quem não tem padrinho?????

De amor e de sossego
E eu preciso dum emprego
Se mo arranjares
Eu dou-te o que é preciso
Por exemplo o paraíso
Ando ao deus-dará
Perdido nessas ruas
Vou ser mais sincero
Sinto que ando às arrecuas
Preciso de galgar
As escadas do sucesso
E por isso é que eu te peço
Arranja-me um emprego
Arranja-me um emprego
Pode ser na tua empresa
Com certeza
Que eu dava conta do recado
E para ti era um sossego
Se meto os pés para dentro
A partir de agora
Eu meto-os para fora
Se dizia o que penso
Eu posso estar atento
E pensar para dentro
Se queres que seja duro
Muito bem eu serei duro
Se queres que seja doce
Serei doce ai isso juro
Eu quero é ser o tal
E como tal reconhecido
E assim digo-te ao ouvido
Arranja-me um emprego
Sabendo que as minhas intenções
São das mais sérias
Partamos para férias
Mas para ter férias
É preciso ter emprego
Espera aí que eu já chego
Agora pensa numa casa
Com o mar ali ao pé
E nós os dois
A brindarmos com rosé
Esqueço-me de tudo
Com o pôr-do-sol assim
Chega aqui ao pé de mim
Arranja-me um emprego
Se eu mandasse neles
Os teus trabalhadores
Seriam uns amores
Greves era só
Das seis e meia às sete
Em frente a um cassetete
Primeiro de Maio
Só de quinze em quinze anos
Feriado em Abril
Só no dia dos enganos
E reivindicações
Quanto baste ma non troppo
Anda bebe mais um copo
Arranja-me um emprego