domingo, 23 de novembro de 2008

Andorinha de bigodes

Andorinha-do-mar-inca
[Larosterna Inca]

Foto: Mafalda Frade
De penas pretas, bico e patas vermelhos e uns singulares bigodes brancos, esta andorinha vive em grandes em bandos e passa o Verão nas costas do Peru e do Norte do Chile. Aqui constrói os ninhos em fendas de rocha, em velhas tocas de pinguim ou de qualquer outra ave marinha. No Inverno, muda-se quer para as zonas costeiras do Equador e do Centro do Chile. No mar, alimenta-se de peixes mergulhando o bico na água. Sempre atenta, aproveita para pescar, enquanto os leões-marinhos, as baleias ou os corvos-marinhos se alimentam de grandes cardumes.
No entanto, as alterações, que se estão a verificar, das correntes marítimas diminuem a quantidade de alimento nesta costa, afectando as espécies que aí habitam. Muitas ficam sem alimento, como é o caso desta andorinha-do-mar. A pesca excessiva da anchova, seu alimento favorito, associada à indústria que recolhe os dejectos (guano) destas e de outras aves, faz com que esta andorinha corra o risco de extinção.
Na Natureza, existem apenas cerca de 150 mil indivíduos. No Oceanário de Lisboa, no habitat do Antárctico, junto aos pinguins, há uma família de andorinhas-do-mar. Se as for visitar, não se surpreenda se algum deles lhe atirar com um peixe. Fazem isso quando querem namorar.
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Curiosidade: quando jovens, têm penas castanhas e o bico e as patas cinzentos.

Texto: Oceanário; Fonte: Terra do Nunca

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Ainda actual?...


Cinquenta anos para trás

Somos o que somos por termos sido o que fomos
Eduardo Lourenço
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E fomos coisas espantosas ao longo da nossa história. O que nos tem faltado? Ambição e cultura de rigor e de responsabilidade. O que nos tem sobrado!? Para uns medo do sucesso conquistado com trabalho e seriedade. Para outros, inveja dos que têm sucesso. Para outros ainda, a total falta de oportunidades. Temos um país que, atingindo um nível mais elevado, em vez de continuar a lutar por fazer ainda melhor fica descansado à espera não sei bem de quê. O resultado é evidente. Baixa-se de patamar e gastam-se anos e anos para acordarmos de novo. Só que nessa altura o atraso em relação aos outros países já é enorme e difícil de recuperar. Confesso que por vezes me trespassa um enorme cansaço. Desde pequenito que protesto (defeito meu, talvez), que não me adapto a partidos nem a sindicatos, nem a igrejas, nem à injustiça. Então protesto com a consciência tranquila de quem não se limita a protestar mas indica alternativas.

Protesto contra o facto de haver maternidades sem as condições mínimas estabelecidas pela Comissão Nacional de Saúde Materna e Neonatal (CNSMN) e outras maternidades receptoras que não parecem estar a respeitar as regras estabelecidas pela CNSMN.

Claro que há serviços de pseudo-urgências a mais. Era preciso encerrá-los. Mas mais uma vez foi feito o mais fácil. Encerrou-se sem cuidar de observar as condições propostas pela Comissão Técnica Nacional criada para o efeito, deixando as populações sem alternativas e sem explicações. Os resultados estão à vista.

No denominado Centro Hospitalar do Porto (Hospital Stº António, Hospital Maria Pia e Maternidade Júlio Dinis) na área Materno Neonatal e Infantil vão gastar-se milhões para tudo ficar pior. Em relação aos países modernos vamos regredir cerca de cinquenta anos! As crianças vão continuar num hospital de adultos. As grávidas de alto risco saem de um hospital multidisciplinar e vão para uma maternidade monovalente! Precisamente o contrário do que devia ser feito.

Veremos os resultados.

Dizem-me também que as crianças deficientes e com dificuldades de aprendizagem vão deixar de ter apoio de profissionais formados para o efeito (muitos no desemprego). Não quero acreditar que seja verdade. Se é, é muito, mesmo muito mau.

A palavra de ordem parece ser cortar. Cortar em tudo sem serem oferecidas alternativas de qualidade. Segundo se lê nos jornais, parece que só não se corta nas reformas e indemnizações inacreditáveis a alguns gestores. Num país com famílias com uma taxa de endividamento tão alta e um salário tão baixo isto não é justo.

Octávio Cunha (Médico pediatra)
Notícias Magazine [10.Fev.2008]