tag:blogger.com,1999:blog-78863318767733239142024-03-05T09:45:59.864+00:00SOL POENTE"Despertar noutro ser humano poderes e sonhos além dos seus. Induzir nos outros o amor por aquilo que amamos. Fazer do seu presente interior o seu futuro: eis uma tripla aventura como nenhuma outra."»»» GEORGE STEINER, "As Lições dos Mestres"Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.comBlogger58125tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-38389890247565320972012-04-25T02:00:00.001+01:002012-04-25T02:00:47.290+01:0025 de Abril SEMPRE!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4sknx0xLvPwkGfx1TqqL3jQQPTJ9PmgRMjSMTw7iIWr4bLmHuj5E0ufLrVQgsCehHcNnNvwhlHje5Vx_sQJuSTamFZQ2qnzY-3H4oiyMK9hhjoh8OoRUBWxHWqKwCizVPtg7ghamdsto/s1600/25Abril2012+1B.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="201px" oda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4sknx0xLvPwkGfx1TqqL3jQQPTJ9PmgRMjSMTw7iIWr4bLmHuj5E0ufLrVQgsCehHcNnNvwhlHje5Vx_sQJuSTamFZQ2qnzY-3H4oiyMK9hhjoh8OoRUBWxHWqKwCizVPtg7ghamdsto/s320/25Abril2012+1B.jpg" width="320px" /></a></div>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-89412750525015043652012-02-03T16:37:00.004+00:002012-02-03T16:41:18.058+00:0029 anos já<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBZEeTbR776vb7w-BKdOJc-0GbVqNDG9gHtyILnO0jdj4isYck3KxOnEtKB8aQ9P7mpADZV8ESwcBL7vR8v4XmoLSdcRFakyBtpIri6QJLAxnpByHDACXZ_YsAOjOHV4-to9o0PT-Q904/s1600/Pai+2012.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 252px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5704949676557535154" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBZEeTbR776vb7w-BKdOJc-0GbVqNDG9gHtyILnO0jdj4isYck3KxOnEtKB8aQ9P7mpADZV8ESwcBL7vR8v4XmoLSdcRFakyBtpIri6QJLAxnpByHDACXZ_YsAOjOHV4-to9o0PT-Q904/s400/Pai+2012.jpg" /></a>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-63791513572343788182011-06-18T15:41:00.006+01:002011-06-18T16:06:23.238+01:0039 anos já<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsODcF_yS-MX_yHP0v5Dd7hD-UeZcGxjF4ADNiHurcYIw-wg_bQJ_MFt0fsf2q8hbSiUl4TyNwT8IeH74M88l8N47LHqqKCJRDYzXVpfhYYDn5c8AHaIk3sOIKWlgsEy2brVfDP_Bg3NM/s1600/1.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 250px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619570165550309186" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsODcF_yS-MX_yHP0v5Dd7hD-UeZcGxjF4ADNiHurcYIw-wg_bQJ_MFt0fsf2q8hbSiUl4TyNwT8IeH74M88l8N47LHqqKCJRDYzXVpfhYYDn5c8AHaIk3sOIKWlgsEy2brVfDP_Bg3NM/s400/1.jpg" /></a><br /><em>Um velho monge shan estava sentado, envolvido numa intensa discussão com um asceta hindu.<br />O monge explicava que todos os Shan acreditam que, quando um homem morre a sua alma vai para o Rio da Morte, onde o espera um barco para o atravessar para o outro lado, e é por esta razão que, quando um shan morre, os amigos colocam uma moeda na sua boca para pagar ao barqueiro que o leva para a outra margem.<br />Existe um rio, disse o hindu, que deve ser atravessado antes de se alcançar o céu mais elevado. Todos, mais cedo ou mais tarde, chegam à sua margem e têm de descobrir um meio de atravessar. Para alguns, a travessia é fácil e rápida; para outros, chegar à outra margem, é uma luta demorada e dolorosa, mas todos acabam por chegar a casa. </em><br /><br />Nada sei dos mistérios insondáveis da morte. Sei, apenas, que seja onde for ou o que for essa casa onde todos acabaremos por chegar, o teu tempo aqui, Mãe, terminou há 39 anos. Só o meu amor por ti não terminou ainda. Por isso, permaneces viva no meu coração.Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-41595051517445475512011-06-17T17:05:00.005+01:002011-06-17T17:11:58.575+01:00La Coca<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibbDyGZ_YnDvEHFbF8626I0goD-E5bEtlPun3IZh-4gx8IXK5W3Wa2rfxx0WGO7oj0zJ8ykxt7cZRLNAX7JLGXCAjogholpciN_xV_esIFUjHIhvZUJ1k6iN0Z2Et3VJDCuIx-OO5Dw6I/s1600/rentes_de_carvalho.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 268px; DISPLAY: block; HEIGHT: 400px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619220913088389314" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibbDyGZ_YnDvEHFbF8626I0goD-E5bEtlPun3IZh-4gx8IXK5W3Wa2rfxx0WGO7oj0zJ8ykxt7cZRLNAX7JLGXCAjogholpciN_xV_esIFUjHIhvZUJ1k6iN0Z2Et3VJDCuIx-OO5Dw6I/s400/rentes_de_carvalho.jpg" /></a><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">À chegada a Lanhelas estranhei a casa. Com os seus dois andares e adega, o pomar em volta, a nascente donde a água brotava para um tanque com rãs, pareceu-me demasiado grande para os meus pais e para mim. Soturna também, como se encerrasse uma ameaça.</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">A paisagem de campos e bosques que se via do meu quarto, o rio, as serranias, a nesga de mar ao pé de Santa Tecla, isso de facto seduziu-me. Mas era serenidade demais, beleza demais, um equilíbrio tão perfeito que logo me faltou a desordem e o bulício a que me tinha habituado na infância, quando da minha janela olhava para o Porto.</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Aqui tudo respirava paz. Em vez da cacofonia citadina os ruídos eram distintos, cada galo esperava o seu momento de poder cantar, o ladrar dos cães espaçado como um diálogo. Na estrada o trânsito era quase nulo. Durante o dia inteiro passavam na linha uns quatro ou cinco comboios, mas o silvo das locomotivas e o matraquear das rodas nos carris ouvia-se de longe, ia crescendo gradualmente, chegava, diminuía, era apenas um traço sonoro a vibrar por instantes na quietude do ar.</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Como ainda hoje, casas a fazer rua só as havia no centro da aldeia. As outras espalhavam-se pela encosta, nos campos próximos da estrada, juntavam-se aqui e além num beco. Por isso junto da nossa raras vezes se ouviam sinais de gente, era surpresa maior quando, chuva ou sol, os ranchos que trabalhavam nas leiras subitamente entoavam em coro as cantigas dolentes da tradição, a alegre harmonia das quatro vozes cobrindo como um véu a tristeza e a saudade dos versos que falavam de amores perdidos, de ausências, de felicidades nunca sentidas.<br /><br />∫∫∫∫∫∫∫∫<br /><br />É certo que havia o dinheiro do contrabando, mas esse infelizmente não cabia a todos. Para ganhá-lo era preciso mostrar força, ter capacidade de sacrifício, gosto do risco, um traço de crueldade e indiferença de carácter que poucos possuíam. Por isso a aldeia tinha a sua elite de contrabandistas e uma infantaria de carrejões, pescadores-espias, moços de recados. Abaixo desses viviam os jornaleiros do campo, os serventes das pedreiras, os quase pobres de pedir que, levados pela fome, iam emigrando em pequenos saltos. Primeiro a pé, para Viana. Meses depois, arranjando um pecúlio e um fatinho decente, de comboio para o Porto. Mais meses, ou anos, de comboio para Lisboa. Até que finalmente, poupando migalhas, chegava a hora de comprar passagem no navio e fazer a grande travessia para o desconhecido do Brasil, da América, da Venezuela, do Canadá, para onde iam com o credo na boca e um grande medo de que a vida lhes corresse mal.<br /><br /><strong>J. Rentes de Carvalho, <em>La Coca</em></strong> </span><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj04-CJmP-G_RsWGdaMMqIwIvAoFmGKMLFZbiy1-ThHwAKeuKzGOX1BsQqKjbs3yV_Q7Chx5sybH3Ewt6SWQua0Abp3_AMZHG7baABxjqTu_UVY46d7KCGDxTmoUEcC-iv0MxhVCT72tDY/s1600/rentes_de_carvalho1.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 168px; FLOAT: left; HEIGHT: 200px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619220815084083986" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj04-CJmP-G_RsWGdaMMqIwIvAoFmGKMLFZbiy1-ThHwAKeuKzGOX1BsQqKjbs3yV_Q7Chx5sybH3Ewt6SWQua0Abp3_AMZHG7baABxjqTu_UVY46d7KCGDxTmoUEcC-iv0MxhVCT72tDY/s200/rentes_de_carvalho1.jpg" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><div></div>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-21992338908748546082011-04-30T18:30:00.006+01:002011-04-30T18:42:58.781+01:00Coração do Bosque<div align="right"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeEpc6ewXxmu6SvRDSDqgDz7bb_1OTLuvyQjYd9tYls1urIEMhVK881xtrPOEFxPz5j-jX_TRe_z9PVPx6ZJXlx20_PiuPKocL_68m5l7tReg_3n1hjDXafruUQhihTjkF2x472MvWjio/s1600/SEM_TT%257E1.JPG"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 399px; DISPLAY: block; HEIGHT: 280px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5601431974880311762" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeEpc6ewXxmu6SvRDSDqgDz7bb_1OTLuvyQjYd9tYls1urIEMhVK881xtrPOEFxPz5j-jX_TRe_z9PVPx6ZJXlx20_PiuPKocL_68m5l7tReg_3n1hjDXafruUQhihTjkF2x472MvWjio/s400/SEM_TT%257E1.JPG" /></a> Foto tirada de:</div><br /><div align="right"><a href="http://solardemerufe.blogspot.com/2009/03/actividades-da-quinta.html">http://solardemerufe.blogspot.com/2009/03/actividades-da-quinta.html</a></div><br /><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">1. Ergue-se a voz deste homem que sente, cada vez mais próxima, a respiração da morte. “Venham todos”, diz ele, rouco e magnânimo. E os filhos, espalhados pelo mundo, obedecem-lhe. Cinco percursos convergindo para o velho solar que emerge da bruma, na margem direita do Lima, casa grande e apalaçada convertida ao turismo de habitação, fonte de rendimento cinco vezes por ano. Os filhos regressam ao lugar da infância, à silhueta de pedra desenhando-se atrás do mesmo portão ferrugento e das mesmas videiras retorcidas, memória viva dos Verões que pareciam eternos mas não eram. Tantos anos depois, o patriarca disse: “Venham todos.” E eles vieram.<br /><br />2. Espalhados pelos sofás da sala principal: Cármen, Filomena, Constança, Baltasar e Guilherme. Pernas cruzadas. Cigarrilhas acesas. Mãos tensas ajeitando blusas de seda e calças de veludo côtelé. Um silêncio constrangido. O tiquetaque do relógio vertical. Cinzas mortas na lareira apagada. Pela janela, a luz púrpura do crepúsculo. Filomena aproxima-se da varanda, abre a porta de vidro, espreita lá para fora. O jardim mantém o rigor geométrico das sebes, a elegância britânica da relva cortada muito rente. Do lado esquerdo, um caminho de terra através do pomar de laranjais e entre a folhagem, cheio de brilhos, o movimento lento do rio. À direita, o curral, as colmeias, uma pequena horta, o poço e o bosque de pinheiros bravos, agora estranhamente encolhido e sombrio. Filomena vira-se para dentro. “Lembram-se?” Os outros olham uns para os outros, como se tivessem vergonha.<br /><br />3. À mesa do pequeno-almoço. Toalha de linho, chávenas de porcelana holandesa, geleia de marmelo, pão cozido em forno a lenha. Gargalhadas, gritinhos, manchas de café que alguém entornou de propósito. A euforia reverberando nos corredores. “Há quantos anos não estávamos assim, todos juntos? Vinte? Trinta?” A frieza da véspera dissolveu-se com as conversas nocturnas. Recapitularam-se os diferentes rumos, as vidas tão díspares, reduzidas a um mero intervalo, uma pausa, uma elipse. Circulam fotos de filhos, escritórios no Porto, novos maridos, casas ainda a cheirar a tinta. Na cozinha, a mais velha das empregadas comove-se com o ruído infantil que volta a encher a casa, como no tempo em que a senhora ainda era viva e dava ordens.<br /><br />4. Sobre o que o velho lhes vai dizer, paira a incógnita. Cármen e Baltasar acreditam que o pai, amolecido pela velhice, vai perdoar os desvarios da prole e recompensá-los a todos com um testamento generoso. Constança e Guilherme, por seu lado, temem um castigo tardio digno do Antigo Testamento. Só Filomena, a caçula ingénua, sorri: “Acho que ele nos chamou para isto, para estarmos juntos outra vez, para nos reencontrarmos assim.”<br /><br />5. No quarto sombrio, o moribundo pede para falar com a filha mais nova. Os outros saem e ele partilha enfim o segredo que lhe envenenou a vida: “Apenas tu, querida, és sangue do meu sangue.” À saída, Filomena diz aos outros que o pai morreu sereno. E esconde-lhes a verdade. Dentro da malinha, inútil, o testamento que há-de rasgar mais tarde, no coração do bosque.<br /></div></span><br /><br /><p align="right"><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong><em>José Mário Silva </em></strong></span><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_BenUC_Lkw5jS5G4_mo7VQ6U3m_0RYsqQuaooaUWxRZXN8Ne_TUzG6QrEIfXo-uoiDFUwNr1uQGLtgg6DGdl2KnjK1UUKKVRHxpzCGA1446JhVAO64Z4aRF7STbfps0VSGImiiK_guYg/s1600/Jos%25C3%25A9+M%25C3%25A1rio+Silva+1.jpg"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 118px; FLOAT: right; HEIGHT: 149px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5601431770656209922" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_BenUC_Lkw5jS5G4_mo7VQ6U3m_0RYsqQuaooaUWxRZXN8Ne_TUzG6QrEIfXo-uoiDFUwNr1uQGLtgg6DGdl2KnjK1UUKKVRHxpzCGA1446JhVAO64Z4aRF7STbfps0VSGImiiK_guYg/s200/Jos%25C3%25A9+M%25C3%25A1rio+Silva+1.jpg" /></a><br /><br /></p>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-75160967207861084992011-03-28T14:30:00.009+01:002011-03-28T14:43:56.848+01:00Deste reino que já não é o meu mundo<div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxeAtPTV9yFf8-YbUadG8rX3NufBCNdHeUvNifs6vVenZSAurGhthS6QqVrhOfp6ce48ywALvGrDlmitJOhsNMhi3zplWO2-QCvX2eHqmdPwbn6TRJNXR43GCzpVDwHF-BQIIABelrD1Q/s1600/Digitalizar0001.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 333px; DISPLAY: block; HEIGHT: 222px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5589122945102142210" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxeAtPTV9yFf8-YbUadG8rX3NufBCNdHeUvNifs6vVenZSAurGhthS6QqVrhOfp6ce48ywALvGrDlmitJOhsNMhi3zplWO2-QCvX2eHqmdPwbn6TRJNXR43GCzpVDwHF-BQIIABelrD1Q/s400/Digitalizar0001.jpg" /></a><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:130%;"><strong>Depressão ao nascer do Sol </strong></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Hoje, estou deprimido, pior, estou deprimidíssimo. Acordei cedo, mais cedo do que tencionava e, como não tinha nada urgente para fazer, saí para espairecer com o pretexto de comprar papel de carta para escrever a um velho e bom amigo. Posso afirmar sem exagero que percorri quilómetros a mendigar de papelaria em arremedo disso um bloco imaginário de folhas encorpadas, suaves ao toque, em que uma caneta de tinta permanente ou mesmo uma esferográfica proletária deslizassem em pontas para desenhar letras perfeitas e alinhavar palavras de saudade e benquerença. </span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Depois de muitas tentativas mal sucedidas acabei por regressar desiludido, triste e de mãos a abanar. Primeiro, porque quase toda a gente que abordei me olhou como se eu tivesse uma doença psiquiátrica e, para alívio espiritual, a andasse passeando de loja em loja como quem passeia o cão de árvore em árvore. Segundo, porque a única pessoa interpelada no peditório que entendeu perfeitamente o que eu desejava era um velhinho tolhido pelo reumatismo que, abanando afirmativamente a cabeça a cada uma das palavras que descreviam o objecto do meu anseio, acabou por dizer-me, com tristeza na voz e no olhar, que blocos desses – como os de antigamente – já ninguém fazia porque não havia quem lhes desse uso. Terceiro, porque a funcionária com idade para ser minha filha, junto da qual fiz a última tentativa de obter o almejado bloco, depois de me ouvir em silêncio inexpressivo e procurar nas prateleiras da loja, atirou para cima do balcão com estrépito alguns cadernos escolares de folhas pautadas e disse-me autoritária e entediada que, onde se escrevesse, só tinha aquilo. Depois ficou a olhar para as unhas coloridas distraidamente e eu para ela estupefacto. </span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">O caminho de regresso pareceu-me ainda mais longo e cansativo e as escadas de acesso ao primeiro andar onde resido transformaram-se na subida ao calvário embora a crucificação já estivesse consumada e a chaga do peito tivesse sido aberta à unhada. A extinção daquele bem desejado significava afinal que eu próprio me encontrava em liquidação esperando apenas o momento do suspiro derradeiro para me ausentar definitivamente deste reino que já não é o meu mundo. </span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Enquanto pensava assim lembrei-me dos tempos em que as várias expressões dos nossos sentimentos íntimos eram lavradas em documento assinado e seguiam muito bem-postas em envelopes para viajar de comboio, de barco e até de avião e serem recebidas da mão de um mensageiro por familiares, amantes, amigos e até simples conhecidos. </span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Bem sei que às vezes, por razões imperiosas, as palavras vestiam camuflados e também os usei para enviar de Moçambique, diariamente, as palavras que ajudavam a matar a saudade da mulher que deixara com a filha ainda criança e desafogar a minha. Mas nessa altura a guerra justificava o sem-cerimónia da roupagem que a correspondência vestia e, mesmo assim, logo que nos últimos meses de comissão me enviaram para Tete, apressei-me a comprar um lindo bloco de papel de carta amarelado que tinha tenuamente impressos alguns animais da fauna local. Lembrei-me dele. Quando fechei os olhos, voltou muito nítido, senti-o macio na polpa dos dedos enquanto escrevia mentalmente voltado para o Sol que despontava ao fundo da savana. Com ele nascia a certeza de que tudo era passado e despertava a saudade que sempre surge quando se recorda. </span><span style="font-family:trebuchet ms;"></div><br /><div align="right"></span><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong>Lima-Reis</strong>, <em>da cabeça aos pés </em></span></div><br /><div align="right"><span style="font-family:trebuchet ms;">[<em>Notícias Magazine</em> – 27 de Março de 2011] </span></div><br /><div align="justify"></div>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-30168126555635256402010-12-23T18:27:00.003+00:002010-12-23T18:34:22.062+00:00O Faisão<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaxwPmwQIeftr_S_z9L1UCQMvFKAykJPkgHHDAAnVUbZHe8CNu7IIvyacXl6ydDUSwZT2s0-D6Yi-gQPnUR4G6aAgRNkRKinT5Y3q8zKXgxNI4ucCxISrtLeH3di0Vi9b3IWLojP5WW3k/s1600/Helena+S%25C3%25A1.O+Fais%25C3%25A3o.Agustina.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 334px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5553946309853577186" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaxwPmwQIeftr_S_z9L1UCQMvFKAykJPkgHHDAAnVUbZHe8CNu7IIvyacXl6ydDUSwZT2s0-D6Yi-gQPnUR4G6aAgRNkRKinT5Y3q8zKXgxNI4ucCxISrtLeH3di0Vi9b3IWLojP5WW3k/s400/Helena+S%25C3%25A1.O+Fais%25C3%25A3o.Agustina.jpg" /></a><span style="font-family:trebuchet ms;">Esse Natal passei-o no lago de Garda. Era um lugar inquietante, com algo de um porto levantino que se corrompeu a ser estância de moda. E no Inverno, com o soprar do vento alpino, o lago abria-se em cachões de chumbo, gemia como uma mulher no parto. Eu vivia numa casa à beira da água, uma estranha casa amarela com girassóis à entrada. Lawrence habitara perto, a dois quilómetros apenas; e eu pensava no encontro amável que seria o daquele homem numa tarde de chuva, com o seu gorro preto e um caderno de versos. Sentei-me por detrás da janela; o chá sabia a sabão, provavelmente alguém lavara escrupulosamente as chávenas, que tinham dióspiros pintados. Dióspiros ou pequenas begónias, não me lembro. Não havia luz eléctrica, um faisão magro tinha sido cozinhado num fogo de carvão; era um bicho esquelético, revestido de trufas mas nem por isso mais apresentável. Esperei até às onze horas pelos meus convidados; não vieram, e então jantei. Magnífica noite patriarcal, com o bramido do lago e o crepitante tremer dos juncos à beira da água! Acendi dez velas azuis e vesti outro casaco de lã por cima do vestido decotado. No Inverno sempre me visto mal, sempre me foge a alma para o mistério da hibernação, o sono dos ursos polares e o recolhimento dos esquilos. Cândido estalar de folhas secas, o cheiro opaco das peles onde a respiração se condena! O cataléptico Inverno, com o seu obscuro êxtase, a profética doçura do Advento, estação sem risos, religiosa, digna e profundamente compatível com o espírito. Eu deitei três pedrinhas de açúcar na minha xícara, e antes de pegar na colher ouvi uma voz autoritária, mas levíssima:<br />- Acho que estará demasiado doce.<br />Voltei-me. Não lhes disse que era uma sala quadrada, com quatro metros por cinco, não era bem quadrada, como podem ver. No ângulo da esquerda estava de pé um senhor extremamente bem trajado, de rosto distinto e que se esforçava por parecer louco. Não o conseguia. Via-se que fora esmeradamente educado na infância, e só podia parecer algo excêntrico. <em>É um inglês – pensei –; são bastante conversáveis, se admitimos que desfrutam duma razão periclitante mas sobre-humana.</em><br />- Sou David Herbert Lawrence – disse ele. Não esperava isso, e levantei-me com precipitação.<br />- Seja bem-vindo. Há ainda faisão assado que não é mau. É um faisão de Sirmione. – Ele deitou um olhar de aflição para a mesa onde rechinavam as velas que, por baixo da pintura, eram de horrível sebo. Não achou convidativa a ave triste com os ossos denegridos sob as trufas, e voltou a cabeça evasivamente. – Feliz noite de Natal – acrescentei.<br />Lawrence sorriu com benevolência e pousou o seu chapéu de feltro, um borsalino cinzento. Era um homem muito decente, limpou os pés duas vezes antes de se aproximar. Depois apanhou o guardanapo que me tinha caído dos joelhos e entregou-mo delicadamente. As pessoas não reparam nestas sugestões do carácter, mas toda uma obra escrita, propícia a ser queimada na Chaminé do Rei, não prova a simples, sincera compleição dum autor; enquanto que os seus pequenos gestos de convívio, a maneira de pegar num objecto sem dar a impressão de se apoderar dele, o modo como entra numa casa sem dar a ideia de que espera demoli-la com o sopro dos seus pulmões, isso define o homem que muitas vezes o mundo recusou. A obra representa a crise e não a norma. Lawrence tomou uma cadeira vitoriana e pôs-se a falar com animação e argúcia.<br />- Feliz noite de Natal… Contudo, a senhora e eu estamos muito distantes dos nossos costumes, da nossa família, dos bons regalos da meninice, do rum a arder, das coroas de azevinho. Não vejo na sua mesa os severos pratos de abstinência, o azeite de oliveira e as fritas de mel. Para milhões de seres, durante muitos séculos, o Natal foi característica de cada rito; havia decerto, para os mais velhos, um estremecimento fúnebre ao ver vazios os lugares dos ausentes, ou preenchidos com uma alegria terrível. Sim, terrível… - Ele sorriu e estendeu sobre a mesa a sua mão febril. – Quando eu era criança, sempre dormia vestido na noite de Natal. E pensava que um anjo me encontraria pronto para viajar com ele, e me levava… Não é estranho?<br />- Era um pensamento discreto, mais nada – disse-lhe. Ofereci-lhe chá, mas ele recusou, ainda que tivesse o aspecto exangue e os lábios trémulos.<br />- Sempre fui discreto, as pessoas não perceberam que ser discreto é o contrário de ser sensato. A discrição pode-nos levar a ser perseguidos, a sofrer julgamentos infames. A sensatez contemporiza, renuncia; a discrição não pactua nunca, espera, confia, convoca, reserva-se. – Olhou para mim bem nos olhos. – O que significa torre de marfim? Ebúrneo é o rosto do que medita, sem paixão, nos mistérios da terra e do céu.<br />- Pode ser… - E eu pousei a minha mão na borda da mesa. Era uma sólida mesa de nogueira, e eu cobrira-a com uma toalha de estopa, único penhor do meu país e da minha casta. Tornara-me maleável e fina, do muito que a usara. Ela lembrava-me aquele canto escuro da cozinha onde vinham lavar as mãos os criados e os amos, antes de cear; o fumo do petróleo subia das candeias como um risco de grafite. Pensativo Natal era nesse tempo, discreto… Eu certifiquei-me de que não havia mais chá dentro do bule, teria que tomar a minha dose tal como estava, demasiado doce. Nesse momento chegaram os meus convidados; tinham bebido um pouco e riam-se alto, ouvia-os a cem metros de casa, Nesse momento chegaram os meus convidados; tinham bebido um pouco e riam-se alto, ouvia-os a cem metros de casa, procedendo a manobras com o carro. A chuva não era muita, mas o vento continuava a estalar as canas no lago. Lawrence levantou-se e despediu-se correctamente. Tinha uma cara s e despediu-se correctamente. Tinha uma cara surpreendente, de quem sofreu um desgosto anterior à própria razão; como se tivesse presenciado a destruição do amor e lhe sobrevivesse. Submergia com palavras não sabia que medo antiquíssimo e desprovido de memória.<br />- Esta noite nasce outra vez o Filho de Deus Invisível. – Fez uma pausa breve e disse: - Muitas vezes pensei que me aproximava, que sabia… Restava-me sempre a decepção e o desespero. Foi para minorar a amargura de adorarmos um Deus Invisível que nasceu Jesus. Era um rosto à nossa imagem, mas, porque vinha da parte do Deus Invisível, não o quiseram. Foi por isso. Celebramos a vinda do Homem, mas repelimos o seu Espírito.<br />Ele pousou um dedo nos lábios. – Discrição, e feliz Natal…<br />Não o vi sair. Eu retirava da mesa o faisão e deitava fora a minha xícara de chá. Encontraram-me a chorar.<br />- Não é nada – disse. – Não tenho jantar para vocês.<br />E fomos a Sirmione comer ravioli. </span></div><span style="font-family:trebuchet ms;"><div align="right"><br /><br /></span><strong>Agustina Bessa-Luís</strong>,<strong> </strong><em>Tríptico</em>,<br />(<em>in</em> <em><strong>Natal</strong></em> (Editora Arcádia – 1978) </div>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-14041652261656982622010-11-30T14:39:00.007+00:002010-11-30T15:31:54.681+00:00Fernando Pessoa<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifkPIgF1j4y1srPVT9mouqfoInIM7uVoddx1HynMPDczw5ZO7Tr9U0a_JoJApEf3f46rlf1JwqKGQEi7mBHQumtyjM8P3x2obDQAnCOVKdGX-as_JnAEuURxL7jg_XbybE_u8-kpWFN6A/s1600/Fernando+Pessoa+2C.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 369px; DISPLAY: block; HEIGHT: 400px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5545352533657823426" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifkPIgF1j4y1srPVT9mouqfoInIM7uVoddx1HynMPDczw5ZO7Tr9U0a_JoJApEf3f46rlf1JwqKGQEi7mBHQumtyjM8P3x2obDQAnCOVKdGX-as_JnAEuURxL7jg_XbybE_u8-kpWFN6A/s400/Fernando+Pessoa+2C.jpg" /></a><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;"> (13 de Julho de 1888-30 de Novembro de 1935)</span></div><div align="center"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:85%;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">Paira à tona da água</span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">Uma vibração,</span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">Há uma vaga mágoa</span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">No meu coração.</span></div><div align="left"></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">***</span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">Não é porque a brisa</span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">Ou o que quer que seja</span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">Faça esta indecisa</span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">Vibração que adeja.</span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">***</span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">Nem é porque eu sinta</span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">Uma dor qualquer.</span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">Minha alma é indistinta,</span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">Não sabe o que quer.</span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">***</span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">É uma dor serena,</span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">Sofre porque vê.</span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">Tenho tanta pena!</span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">Soubesse eu de quê!...</span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">***************</span></div><div align="left"></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:Trebuchet MS;"><span style="font-size:180%;"><strong>Fernando Pessoa</strong> (14 de Março de 1928)</span></span></div><div align="center"></div><div align="left"><br /></div><div align="center"></div>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-40311678260663663052010-04-25T19:53:00.001+01:002010-04-25T19:55:45.435+01:00ACORDA, PORTUGAL!!!<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEArvEqzIAENzrVhgN2Ipc-is3CcAE4dI1aNuyHIiQl-_F-DWqI4N0xBKwfd8fiU_g_gYo0_5EEBdt5xPhRMP-btnc4f5bAZqj7b6mK9t_3TQ176MYYDVwaQ5tQhQ3Zzh8PKM5QqGI3Rk/s1600/Cravo+acordado.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; DISPLAY: block; HEIGHT: 400px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5464150625691487010" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEArvEqzIAENzrVhgN2Ipc-is3CcAE4dI1aNuyHIiQl-_F-DWqI4N0xBKwfd8fiU_g_gYo0_5EEBdt5xPhRMP-btnc4f5bAZqj7b6mK9t_3TQ176MYYDVwaQ5tQhQ3Zzh8PKM5QqGI3Rk/s400/Cravo+acordado.jpg" /></a><br /><div></div>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-67973927164234172882009-12-31T11:04:00.001+00:002009-12-31T11:06:40.377+00:002010<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfFovJSuc9VDQZZtm3RlMZJadp2MoUOpFjLwY-jvFwvr5c98ztXKi1t7tmwkaFGdo3g9LBTHwujoFSZG5A6AtODNsPfANFcQsthRIq3xAU5wACYtUFEzF0lwyV8sxS73xKJmT-KX-hBcw/s1600-h/318.Flores.Faj%C3%A3zinha.28Agosto2009+A.Postal+B.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 300px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5421354923503379058" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfFovJSuc9VDQZZtm3RlMZJadp2MoUOpFjLwY-jvFwvr5c98ztXKi1t7tmwkaFGdo3g9LBTHwujoFSZG5A6AtODNsPfANFcQsthRIq3xAU5wACYtUFEzF0lwyV8sxS73xKJmT-KX-hBcw/s400/318.Flores.Faj%C3%A3zinha.28Agosto2009+A.Postal+B.jpg" /></a><br /><div></div>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-37659536348679174482009-11-02T19:21:00.011+00:002009-11-03T23:45:29.412+00:00Cadernos do Subterrâneo<div align="center"><span style="font-size:78%;">Toulouse-Lautrec (1894).Bordel da Rue des Moulins (Paris)</span></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_jCFzYkJyQIGxkczhhHxZqJmKHQOD8fHHsDmdujRzVU-jmHO1xZgpjbeFfi7vTiq6tgUHTkRpy9c4OjjzPNrIUAZnAAbbrUzqitJjPtX_ChkIK2ZZq3LlERUX7q-LEgIkTq-Vp-_SYjc/s1600-h/Toulouse-Lautrec.+Bordel+da+rue+des+Moulins+em+Paris.1894.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 352px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5400017866024362450" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_jCFzYkJyQIGxkczhhHxZqJmKHQOD8fHHsDmdujRzVU-jmHO1xZgpjbeFfi7vTiq6tgUHTkRpy9c4OjjzPNrIUAZnAAbbrUzqitJjPtX_ChkIK2ZZq3LlERUX7q-LEgIkTq-Vp-_SYjc/s400/Toulouse-Lautrec.+Bordel+da+rue+des+Moulins+em+Paris.1894.jpg" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">- Lisa, como podes dizer-me "como num livro", se também eu sofro por ti? E não só por ti. Tudo o que dormia no meu coração acordou agora... E tu não sofres por estar aqui? Não, é verdade, o hábito significa muito. Só Deus sabe o que o hábito pode fazer das pessoas. Será que pensas seriamente que nunca vais envelhecer, que vais ser sempre bonita e que te vão manter aqui pelos séculos dos séculos? Já não falando de que isto aqui também é nojento... Mas, aqui vai o que eu tenho para te dizer sobre isto, sobre a vida que levas agora: tu agora és bonita, és nova, és sincera; e pronto, quando acordei, há pouco, senti mesmo nojo por estar aqui contigo! Só em estado de embriaguez é que podemos vir parar aqui. Se tu estivesses noutro sítio qualquer, se vivesses como gente decente, talvez eu não só te tivesse desejado, me tivesse apaixonado, pura e simplesmente, ficasse feliz só com um olhar teu, já nem falo de uma palavra tua; talvez ficasse à tua espera ao portão, me pusesse de joelhos à tua frente; te considerasse como minha noiva, e visse isso como uma grande honra. Nunca pensasse nada de impuro sobre ti. Mas aqui, basta eu assobiar - e tu, queiras ou não, tens de me seguir, não és tu quem me dita a tua vontade, sou eu quem faz segundo a minha. O último dos camponeses aluga-se como jornaleiro, mesmo assim não se vende completamente, sabe que há um prazo. E o teu prazo, qual é? Pensa só: o que estás aqui a dar, o que vendes </span>aqui?<br /><br /></div><div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6zVoeRirGjv60hTw5ZG-AjMpdWEpeQBWw9sdl-GgKuHeNjGqMxiXN7TjymiO1FOM_3zmGHe3X9B2qB4vjah67Ke8TCPFA0NoL8Lh64eRoPxP4Mrqcb5yB9YVej7FXq9Q4BhBz6M-Ulrk/s1600-h/Prostituta+de+Paris.bmp"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 284px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5399589826267854066" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6zVoeRirGjv60hTw5ZG-AjMpdWEpeQBWw9sdl-GgKuHeNjGqMxiXN7TjymiO1FOM_3zmGHe3X9B2qB4vjah67Ke8TCPFA0NoL8Lh64eRoPxP4Mrqcb5yB9YVej7FXq9Q4BhBz6M-Ulrk/s400/Prostituta+de+Paris.bmp" /></a><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">A tua alma, sim, a tua alma, que não te pertence, que vendes ao mesmo tempo que o teu corpo! Expões a vexames o teu amor com o primeiro bêbado que apareça! O teu amor! Mas isso é tudo, é o teu diamante, o teu tesouro de rapariga, sabes o que é o amor? Há quem, para merecer o amor, esteja pronto a empenhar a alma, a deixar-se matar. E o teu amor, quanto vale agora? Compraram-te toda, és vendida na totalidade, e para que serve pedir amor se sem amor se pode obter tudo? Não existe ofensa mais grave para uma rapariga, não entendes isso? Ouvi dizer que vos deixam divertir, que vos deixam ter amantes. Não passa de uma brincadeira, pobres tolas, uma mentira, um sarcasmo que vos fazem, e vós engolis isso. </span><span style="font-family:trebuchet ms;">Será que te ama de verdade, o teu amiguinho? Não acredito. Como pode amar-te, se sabe que basta eu assobiar para que o deixes? É um depravado! Tem alguma estima por ti, por mínima que seja? Que tens de comum com ele? Ele ri-se de ti e, ainda por cima, rouba-te - é esse o amor dele! Do mal o menos, se ele não te bater! Porque ele até, se calhar, te bate. Pergunta-lhe, caso tenhas um, se ele se quer casar contigo. Vai rir-se-te na cara, se não te cuspir em cima, se não te bater, e no entanto ele próprio não vale dois tostões. Por que continuas aqui, a desperdiçar a tua vida? Porque te dão café e comida farta? E dão-te de comer porquê? Se dessem com outra, com uma rapariga honesta, esse bocado de pão ficava-lhe atravessado na garganta, porque saberia por que lho dão. Estás em dívida aqui, vais estar sempre endividada, até ao fim, até ao momento em que os hóspedes já não queiram nada de ti. E isso vai acontecer muito em breve, não contes com a tua juventude. Tudo desaparece num abrir e fechar de olhos, aqui. Vão pôr-te no olho da rua. E não vão contentar-se em pôr-te fora, antes disso vão começar a maltratar-te, a censurar-te, a injuriar-te, como se não tivesses dado a tua saúde, como se não tivesses arruinado por nada a tua alma e juventude, mas como se fosses tu que tivesses deixado a tua patroa na miséria, a deixasses sem nada, como se fosses tu que a espoliasses. E não esperes por apoios: as tuas amigas vão unir-se contra ti para lhe agradar, são todas escravas disto, há muito que perderam a consciência e a caridade. São todas mulheres perdidas, não há nada pior, mais ignóbil, mais asqueroso no mundo do que as injúrias delas. E tu vais deixar tudo aqui, sem poderes salvar nada, a tua saúde, a tua juventude, a tua beleza, as tuas esperanças, aos vinte e dois anos vais ter o aspecto de uma mulher de trinta e cinco, podes dar-te por feliz se não estiveres doente, podes agradecer a Deus. Porque tu pensas, até aposto, que não trabalhas aqui, que te divertes! Mas não há trabalho mais duro no mundo, não há trabalhos forçados que sejam piores que isto. O coração é como se ficasse seco de lágrimas. </span></div><br /><div align="right"><span style="font-family:Trebuchet MS;"><strong>Fiódor Dostoiévski</strong>,<em> Por Motivo da Neve Húmida,</em></span><br /></div><div align="right"><em><span style="font-family:Trebuchet MS;">in <strong>Cadernos do Subterrâneo</strong></span></em></div>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-58563764677454947052009-05-31T11:03:00.007+01:002009-05-31T17:50:11.188+01:00ROSEMARY<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Eram os olhos que, em Rosemary, mais chamavam a atenção: muito pretos, amendoados, rodeados de grandes pestanas, mais sorridentes que os lábios gordos e bem desenhados. E não admira. Era mexicaninha de gema, cheia de carnes firmes, torneada ao pormenor. Só não se dava muito pelos cabelos pretos e lisos, sempre rigorosamente apanhados, em pelo, sobre a nuca, cobertos com touca alençoada. E tinha um coração do tamanho duma abóbora-menina doce, doce, doce. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Rosemary casou aos dezasseis anos incompletos, por conveniência, com um velho americano que turistava na pequena cidade de Enseñada. Veio para a Califórnia na companhia do marido e foi às gargalhadas que o oficial da fronteira lhe visou o passaporte. Mais do que marido e mulher, pareciam avô e neta. Mas, para a então Rosa Maria, aquelas gargalhadas soavam melhor do que qualquer marcha nupcial. Para trás, deixava uma infância que nunca saíra do patamar da miséria: a multidão de irmãos, a barraca de espaço único, a promiscuidade, os pequenos crimes da sobrevivência, as disenterias de uma fome nunca satisfeita. E, sobretudo, um mercado de carne humana trafegado sob auspícios de crápulas que enriqueciam sem despesas. Foi nos meandros obscuros desta traficância que conheceu o velho americano com quem casou, após promessas de fidelidade que não eram para cumprir. A mesquinhez da vida ditava-lhe que aquele velho míope, vestido à safari e que se peidava finamente sempre que apalpava um seio de mulher, podia ser o seu bilhete da sorte. Suportou-lhe os cheiros e a lascívia e casaram sem demoras para não haver, de parte a parte, tempo para arrependimentos. Aos pais, o velho deixou algum dinheiro, comida e roupas que duraram pouco, mas que aliviaram a dor da despedida. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Na bagagem, Rosemary não trouxera saudades. Se a falta do cheiro do mar se confundiu, por vezes, com alguma lágrima atrevida, logo se apressava a enxugá-la com um “Tu estás é tola! A chorar por causa da falta do cheiro do mar?!”, mesmo com Luiz Sanchez a esperá-la, de sorriso enorme, chupa-chupa na mão para lhe oferecer, à saída do mercado do peixe. Era um amor de Primavera que o destino se apressou a fazer morrer de fome. Pelo menos, tinha a certeza do que não queria: ser igual à mãe, carregada de filhos, da barriga aos ombros, lambuzada de ranho, rota, suja e sem pão. Fugiu da miséria e das estórias líricas da avó Purificación, que mascava tabaco e cuspia palavras com lostras de saliva preta quando narrava casos duma guerrilha que não conduziu o povo a paraíso nenhum. Rosemary fazia que acreditava na virtude dos tiros e, enquanto a avó se engasgava, deixando à vista a ferida da sua boca desdentada, ela planeava a fuga daquele inferno de gente pobre. O velho americano fora mais que sorte grande. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Ao divorciar-se, Rosemary era dona de um pequeno apartamento, de um carro ainda em bom estado e de dinheiro suficiente para cursar enfermagem e assistência social.</span> </div><br /><div align="right"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong>Álamo Oliveira</strong>, <em>já não gosto de CHOCOLATES</em></span></div><p align="right"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9rcHlOrhq9c-o1gjiesP7y5wNBJOb3R4BcYp3yrWFK4NHlDpM8fly4iylx7AGSfaMQQOr7WJ82hylhFHBSTwCEm1vTNlGVA8YNJobjOf3_lqOOCLDgWeOv02mb9XIZj0ptJKJm_GP1ck/s1600-h/%C3%81lamo+Oliveira+1B.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5342029654581857522" style="WIDTH: 118px; CURSOR: hand; HEIGHT: 142px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9rcHlOrhq9c-o1gjiesP7y5wNBJOb3R4BcYp3yrWFK4NHlDpM8fly4iylx7AGSfaMQQOr7WJ82hylhFHBSTwCEm1vTNlGVA8YNJobjOf3_lqOOCLDgWeOv02mb9XIZj0ptJKJm_GP1ck/s200/%C3%81lamo+Oliveira+1B.jpg" border="0" /></a></p>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-73129767097574005622009-04-25T00:45:00.002+01:002009-04-25T00:47:08.807+01:0025 de Abril<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwbBy1s1oBpYQpY4yRleV4n-oAQeFt42apoeVI5DXkt2ZdpDpqmRoJVYR4I0ozZg9zsKVBEo1UmeZSN-DxQ7DJ4svK4AocsQWokqhDtHbKWKZxXpPkyqTbUGPjkN1neR1PDi_aF3MG3p0/s1600-h/Cravo+aberto.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5328408574504807762" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 300px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwbBy1s1oBpYQpY4yRleV4n-oAQeFt42apoeVI5DXkt2ZdpDpqmRoJVYR4I0ozZg9zsKVBEo1UmeZSN-DxQ7DJ4svK4AocsQWokqhDtHbKWKZxXpPkyqTbUGPjkN1neR1PDi_aF3MG3p0/s400/Cravo+aberto.jpg" border="0" /></a><br /><div></div>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-4144344631599794962009-04-22T16:32:00.002+01:002009-04-22T16:34:49.011+01:00DIA DA TERRA todos os dias<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNuTMgRjb5yazZTPFmgQLDbsvFqeDVsC8vdbdBftW1R8xF79cmNSzLM7LCzZ1mW58sAZBWtqqFr3Pq0e9dOB3PN9nNTunAPZNi4bwjbQzCFFunyVJyhUjhvRZHFQvPVmHeGNkeQrSP1IA/s1600-h/3084764_8jv5n.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5327539177593257330" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 257px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNuTMgRjb5yazZTPFmgQLDbsvFqeDVsC8vdbdBftW1R8xF79cmNSzLM7LCzZ1mW58sAZBWtqqFr3Pq0e9dOB3PN9nNTunAPZNi4bwjbQzCFFunyVJyhUjhvRZHFQvPVmHeGNkeQrSP1IA/s400/3084764_8jv5n.jpg" border="0" /></a> <strong><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:180%;">Quem, em seu perfeito juízo,</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;">trataria assim a sua CASA?</span></strong></div><p><strong><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:180%;"></span></strong> </p><p> </p><div align="center"><br /></div><div align="center"></div>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-78333346556324077372009-04-09T19:24:00.002+01:002009-04-09T19:25:38.001+01:00Páscoa 2009<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxSakKYh9Jql8_C4ZJ0QEMQa1ZNSEtAaeNhNKWImkXhlzocUYCYjD8dLD8-pR5U_nBLiRO97kLp8UydhcpYOpkVGFR_pqGeDv0VrYtinbcr-HMhgU5JJCPxWOiL0QFtSuZAmR2a5oHDsY/s1600-h/Glic%C3%ADnia.Porto.29Mar%C3%A7o2009+1D.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5322759496166366466" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 208px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxSakKYh9Jql8_C4ZJ0QEMQa1ZNSEtAaeNhNKWImkXhlzocUYCYjD8dLD8-pR5U_nBLiRO97kLp8UydhcpYOpkVGFR_pqGeDv0VrYtinbcr-HMhgU5JJCPxWOiL0QFtSuZAmR2a5oHDsY/s400/Glic%C3%ADnia.Porto.29Mar%C3%A7o2009+1D.jpg" border="0" /></a><br /><div></div>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-55299718313027798102009-03-05T15:43:00.007+00:002009-03-05T15:55:03.643+00:00Caravelas doiradas a bailar...<div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;">Florbela Espanca [Vila Viçosa, 1894 - Matosinhos, 1930]</span></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKWyPoIvTYhO9s4arSu7qMM5zrYoVuUrhU72OQ2V1BkEkj7MX3Du1EPy0ub-xBIXLa88o1_zs0x8JoyfjHJAHRST7rblH-HOSkEaJ8tTQI_MCOyZX8fmKmYzs0ts0RAWD3_-VSh6EngDE/s1600-h/Florbela+Espanca+4.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5309730954321518930" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 247px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKWyPoIvTYhO9s4arSu7qMM5zrYoVuUrhU72OQ2V1BkEkj7MX3Du1EPy0ub-xBIXLa88o1_zs0x8JoyfjHJAHRST7rblH-HOSkEaJ8tTQI_MCOyZX8fmKmYzs0ts0RAWD3_-VSh6EngDE/s400/Florbela+Espanca+4.jpg" border="0" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1TepppxTos4CcSJ56b1bBQsFHY_Ab0_qQr1_uGGS3HdDZ1JQ455Z5uPvHHEnC6exe9cVNb5szRYi-nZaLw2q-ECvc4oV1bX-Cfya8sd8CVQcDpHjJxsu1fIOh4AReE4MgHHFo1vuOCDo/s1600-h/Vila+do+Conde.Nau+Quinhentista.jpg"></a>CARAVELAS…<br /><br />Cheguei a meio da vida já cansada<br />De tanto caminhar! Já me perdi!...<br />Dum estranho país que nunca vi<br />Sou neste mundo imenso a exilada.<br /><br />*<br />Tanto tenho aprendido e não sei nada.<br />E as torres de marfim que construí<br />Em trágica loucura as destruí<br />Por minhas próprias mãos de malfadada!<br /><br />*<br /><br />Se eu sempre fui este Mar Morto,<br />Mar sem marés, sem vagas e sem porto<br />Onde velas de sonhos se rasgaram!<br /><br />*<br /><br />Caravelas doiradas a bailar...<br />Ai quem me dera as que eu deitei ao mar!<br />As que eu lancei à vida, e não voltaram!...<br /><br /><br />Florbela Espanca<br /><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHU0x59HP8XVfA-NR_N3GNcAJm0jwcGyEhq8kZJ2zFbBKy4QTuE5suQ8Rd9kEFe72PJdkTYvWUm0_j0Wk7I71E-lD3DnhzmJ1h5NVwWSxVchOKIeNCwQHKxydl6iNKgbKOQRi0iCyPiwA/s1600-h/Digitalizar0011.jpg"></a><br /><div></div>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-7592213691838983622009-01-24T18:30:00.005+00:002009-01-24T18:51:30.560+00:00O Consumismo e o Natal<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Olhar o Natal doutra forma é necessário e urgente, quer se seja ou não cristão. Não posso deixar de estar de acordo com o texto que se segue e, por isso, o divulgo aqui, agradecendo ao meu sobrinho Cucas que mo enviou.</span></div><br /><br /><div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjonl2ToAFs1pvW5hi4RHJPfAsXXuSMokVoCD-XWUYpOHRFXBIR8Smn5QmG4Lk-czAH36EnLL4w1kjAhPG58fNpYbmZo8zhD9_C7HRQmkeQTBLY1isVhqXbx3SZuKtIcKWS9ENqVIJTdc8/s1600-h/compras.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5294934061066835714" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 372px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjonl2ToAFs1pvW5hi4RHJPfAsXXuSMokVoCD-XWUYpOHRFXBIR8Smn5QmG4Lk-czAH36EnLL4w1kjAhPG58fNpYbmZo8zhD9_C7HRQmkeQTBLY1isVhqXbx3SZuKtIcKWS9ENqVIJTdc8/s400/compras.jpg" border="0" /></a><br /><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:180%;">Tempo de simplicidade</span> </div><div align="center"> </div><div align="center"><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Quem aposta num mundo melhor não pode deixar de pensar em consumir de uma forma consciente e crítica e de optar por um estilo de vida simples.<br />O Natal, a festa do nascimento de Jesus Cristo, que veio ao mundo num simples e pobre estábulo de Belém, tornou-se, paradoxalmente, pretexto para a mais extravagante orgia de consumo. Um tempo que deveria ser de maior espiritualidade, para podermos acolher devidamente o dom de Deus, deu lugar à mais superficial e materialista época do ano. Em vez de recolhimento, só vemos azáfama e corrida aos centros comerciais.<br />Para muitos, o consumo é uma forma de compensar a insegurança, a insatisfação afectiva, social e espiritual. Para outros, é apenas uma moda, uma maneira de se conformarem com os padrões sociais vigentes. Gozar o mais que se pode, sem olhar a despesas. Para a maioria, pagar não parece ser um problema, e, quando o é, há sempre a hipótese do recurso ao crédito.<br />O Evangelho ensina a simplicidade, a sobriedade de vida e a partilha. Por sua vez, a cultura dominante induz à aquisição do supérfluo, ao consumo e ao esbanjamento. A poupança e a austeridade já não se usam. Como se prova pela inutilidade da maior parte das nossas prendas.<br />O consumo tornou-se o motor da economia. Para crescer, o modelo socioeconómico liberal que nos governa requer muita produção, compra, consumo e desperdício. A publicidade encarrega-se de difundir a «alma» do sistema: compra, usa e deita fora. O contrário do Evangelho, que nos ensina a renúncia, a gratuitidade e a partilha.<br />Quem aposta num mundo melhor não pode deixar de pensar em consumir de uma forma consciente e crítica e de optar por um estilo de vida simples. Porque não pode esquecer o elevado número de excluídos do «banquete da abundância» e as ameaças que pairam sobre o futuro do planeta.<br />Ao contrário do que se pensa, o consumo não é um acto privado, que depende apenas dos próprios gostos e capacidade económica. O exagero tem consequências nefastas. Em primeiro lugar para nós: somos submersos pelo lixo que produzimos; padecemos das doenças ligadas à superalimentação; e somos atacados pelas neuroses derivadas de muitas insatisfações e da vida frenética que levamos.<br />Depois, o nosso consumismo tem por detrás um problema social de dimensão planetária. Uma grande parte do preço do que para nós é supérfluo é pago pelos povos do Sul, que vêem agravar-se ainda mais as suas precárias condições de vida. Se todos os habitantes da Terra consumissem o que nós consumimos, seriam necessários seis planetas para utilizar como fonte de matérias-primas e como lixeira dos nossos desperdícios.<br />O Norte, que representa apenas 23 por cento da população mundial, consome mais de 80 por cento das reservas da Terra. Deste modo, condena à pobreza os outros dois terços da humanidade.<br />A produção e o consumo exagerados põem também em causa o futuro do planeta. Na agricultura, o uso maciço de fertilizantes e pesticidas envenena os lençóis de água; os efluentes industriais poluem os rios e os campos; os gases emitidos pela indústria e pelos veículos fazem aumentar o efeito de estufa, que por sua vez está na origem de catástrofes naturais; a sobre-exploração dos recursos empobrece a terra e os seus guardiões.<br />Uma vida mais sóbria não significa um retrocesso na qualidade de vida, o regresso à antiguidade e a uma alimentação deficiente. Exprime-se num estilo de vida que sabe distinguir entre as necessidades reais e as supérfluas; e tem em conta as exigências espirituais, afectivas, intelectuais e sociais de cada pessoa. Por isso, não esquece a partilha e a doação de si.</span></div><br /><div align="right"><br /><span style="font-size:85%;"><strong>José Rebelo</strong><br /><em>Revista Além-Mar</em></span></div><div align="right"><span style="font-size:78%;">(Missionários Combonianos)<br />30Nov2008</span></div></div>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-3669071534857579632008-12-31T18:01:00.002+00:002008-12-31T18:03:24.992+00:002009<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLIqHGnLCzw0WR1FD_oMybJyTD1TKWuAOQYDp5_CEzeWS12543DAQhQ2w5NES-Uh-kFXK0HkZFhs1443S6ZsiWaCGAwFVT9rMabiS6RpUcJIXZQ1Pg0OFmc8L8MGitOWHZQUzJcg2WRWo/s1600-h/Foz+do+Arelho.30Dez2008+17A2009.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5286016334559531314" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 300px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLIqHGnLCzw0WR1FD_oMybJyTD1TKWuAOQYDp5_CEzeWS12543DAQhQ2w5NES-Uh-kFXK0HkZFhs1443S6ZsiWaCGAwFVT9rMabiS6RpUcJIXZQ1Pg0OFmc8L8MGitOWHZQUzJcg2WRWo/s400/Foz+do+Arelho.30Dez2008+17A2009.jpg" border="0" /></a><br /><div></div>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-643759570709365722008-12-24T20:56:00.003+00:002008-12-24T21:00:05.969+00:00Boas Festas!<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYz6xD-kXKKo0DuxA6pYZtANkwgaZe9dN6OYRhHbNQAxkBPg4Cg_WbaQDLTWSABxcN_l6LC_kHRi9fVf7yDLU2URxgcTCvJh4RDiCA5SnDzvG1yimcYAwJcOIMXYzXAh0m0fbIy0VkRDg/s1600-h/Natal+2008+10.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5283463644714208450" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYz6xD-kXKKo0DuxA6pYZtANkwgaZe9dN6OYRhHbNQAxkBPg4Cg_WbaQDLTWSABxcN_l6LC_kHRi9fVf7yDLU2URxgcTCvJh4RDiCA5SnDzvG1yimcYAwJcOIMXYzXAh0m0fbIy0VkRDg/s400/Natal+2008+10.jpg" border="0" /></a><br /><div></div>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-77556329049424568952008-12-10T22:14:00.005+00:002008-12-10T22:30:33.672+00:00A Crise<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9PseQwximllgtwKJtFYpvwGIVyJXDqny0W71VgZ2w_pvop3hwESs-jmisMJ4zq9dS87Vpw1ftQIamvg1HtsKEc14kTIkjzlxUX1K0KNgwHGGjlXmHakB72P2k16H0SmiNuFkftaw-bd0/s1600-h/A+Crise.gif"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5278289724815999074" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 352px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9PseQwximllgtwKJtFYpvwGIVyJXDqny0W71VgZ2w_pvop3hwESs-jmisMJ4zq9dS87Vpw1ftQIamvg1HtsKEc14kTIkjzlxUX1K0KNgwHGGjlXmHakB72P2k16H0SmiNuFkftaw-bd0/s400/A+Crise.gif" border="0" /></a><br /><br /><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:130%;"><strong>SIMENON E A CRISE</strong></span><br /><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong>1.</strong> E a crise cresce... Esconder tal realidade é tapar o Sol com uma peneira. O que não ajuda ninguém. E, por sua vez, desde cima, não se resolve nenhum problema. Ou seja: injectar capital público na banca não levará a nada, enquanto o poder de compra do Zé Povinho -a maioria esmagadora dos portugueses- continuar a diminuir. Não me parece matéria reservada aos iluminados (?) da economia –sente-o e reconhece-o cada um na carteira e na barriga. Desespera e esperneia o neoliberalismo e tenta recompor-se, sempre à custa dos mais vulneráveis? Como se comporta este governo socialista ou irá comportar-se, caso ganhe a próxima legislatura (ainda que em maioria relativa, o que não seria negativo)? A espreitar o andar da carruagem e com o bolso a arder, assinalo o “regresso” de um grande escritor, que da condição humana tudo sabia e quase tudo disse: Georges Simenon. O livro, um romance policial: “A Amiga de Madame Maigret” (Asa). O herói, comissário Maigret. O labirinto dos sentimentos e dos conflitos sociais. Assim mesmo. Quem disse que o policial é género menor? Quem nunca leu “A Dama de Branco”, de Wilkie Collins? Hammett? Patricia Highsmith?...</span></div><div align="justify"> </div><div align="center"> <span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;color:#ffff00;">Georges Simenon</span><br /></div><div align="justify"><a href="http://iesalagon.juntaextremadura.net/web/biblioteca_web/paginas/lecturas_otono/img2007/simenon.jpg"><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 319px; CURSOR: hand; HEIGHT: 460px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://iesalagon.juntaextremadura.net/web/biblioteca_web/paginas/lecturas_otono/img2007/simenon.jpg" border="0" /></a><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong>2.</strong> ... o mágico Simenon que, em duas penadas, nos mergulha num mundo fascinante e nos revela almas? Nos agarra e apaixona. Desvenda os abismos da nossa natureza, os nossos anseios e frustrações –e a poesia da nossa breve caminhada. Houve quem o considerasse o Balzac do século XX. Fixou uma época e, à maneira do mestre oitocentista, descreveu figuras marcantes. Que diria ele deste nosso tempo irresponsável, canibalesco, indecente –em que os empórios se fazem e desfazem sobre cadáveres? </span></div><div align="right"><br /><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"><strong>Manuel Poppe</strong>, <em>O Outro Lado</em><br /><em>Jornal de Notícias</em> [7.Dez.2008]<br /></span><br /></div><div align="right"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRphCvr6NbCXW3NVbt_fxCo1y0w-ZmRwXV65f6UsPPfK17MeyBzzAGZlg4wKMXd8CXY6ompMxdQzTnmVFsaWFwhcj3MO9oI49nSlhZJEWhyphenhyphenTaNwBDCXZ5-jm0IbaCx-_r-AI_CABbNoWs/s1600-h/Manuel+Poppe.O+outro+lado.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5278288839353533874" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 98px; CURSOR: hand; HEIGHT: 127px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRphCvr6NbCXW3NVbt_fxCo1y0w-ZmRwXV65f6UsPPfK17MeyBzzAGZlg4wKMXd8CXY6ompMxdQzTnmVFsaWFwhcj3MO9oI49nSlhZJEWhyphenhyphenTaNwBDCXZ5-jm0IbaCx-_r-AI_CABbNoWs/s200/Manuel+Poppe.O+outro+lado.jpg" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /></div>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-3204059037055498962008-12-07T21:47:00.008+00:002008-12-07T22:32:46.593+00:00NAMORO<span style="font-family:Trebuchet MS;">Mandei-lhe uma carta em papel perfumado<br />E com letra bonita eu disse que ela tinha<br />Um sorriso luminoso tão quente e gaiato<br />Como o sol de Novembro brincando de artista<br />Nas acácias floridas<br />Espalhando diamantes<br />Na fímbria do mar<br />E dando calor ao sumo das mangas<br /><br />Sua pele macia – era sumaúma…<br />Sua pela macia, da cor do jambo,<br />Cheirando a rosas, sua pele macia<br />Guardava as doçuras do corpo rijo<br />Tão rijo e tão doce – como o maboque…<br />Seus seios, laranjas – laranjas do Loje<br />Seus dentes… - marfim…<br /><br />Mandei-lhe esta carta<br />E ela disse que não.<br /><br />Mandei-lhe um cartão<br />Que o amigo maninho tipografou:<br />“por ti sofre o meu coração”<br />Num canto – SIM, noutro canto – NÃO<br /><br />E ela o canto do NÃO dobrou</span><br /><br /><br /><p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjylqedVDXJMI6279HaP0QrAtQA5nbi62N_gKZbb9r5u9M0D-d9pDpUJp696FmEGZsXnJaa3vQy1mwPqm6YhOYCu-YDcuhF3-odDXGovuYUcuGovOUC7p-xzCs_NC4PbhkDjX0L3Kp1n1Y/s1600-h/Por+ti+sofre+o+meu+cora%C3%A7%C3%A3o+1.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5277168919640042082" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 366px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjylqedVDXJMI6279HaP0QrAtQA5nbi62N_gKZbb9r5u9M0D-d9pDpUJp696FmEGZsXnJaa3vQy1mwPqm6YhOYCu-YDcuhF3-odDXGovuYUcuGovOUC7p-xzCs_NC4PbhkDjX0L3Kp1n1Y/s400/Por+ti+sofre+o+meu+cora%C3%A7%C3%A3o+1.jpg" border="0" /></a><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Mandei-lhe um recado pela Zefa do Sete<br />pedindo, rogando de joelhos no chão<br />pela Senhora do Cabo, pela Santa Ifigénia,<br />me desse a ventura do seu namoro…<br />e ela disse que não<br /><br />Levei à Avó Chica, quimbanda de fama,<br />A areia da marca que o seu pé deixou<br />Para que fizesse um feitiço forte e seguro<br />Que nela nascesse um amor como o meu…<br />E o feitiço falhou.</span></p><p><span style="font-family:trebuchet ms;">Esperei-a de tarde, à porta da fábrica<br />Ofertei-lhe um colar e um anel e um broche,<br />Paguei-lhe doces na calçada da Missão.<br />Ficámos num banco do Largo da Estátua,<br />Afaguei-lhe as mãos…<br />Falei-lhe de amor… e ela disse que não.<br /></span><br /></p><p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6rwDDC4Pl5NeumVcl5qrPT6Z81yG3mnsu6kJ0yI-oY8IOt_Ra-AuQAR5mqjdlSJjLljXSpr7Viy1y3d1PxaW8-k1zYKGJvvtC51c52LZKcVluD0hRGLSi0tsBgGLP6TMAAIlTAUZeWZo/s1600-h/Por+ti+sofre+o+meu+cora%C3%A7%C3%A3o+2.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5277168757994992946" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 367px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6rwDDC4Pl5NeumVcl5qrPT6Z81yG3mnsu6kJ0yI-oY8IOt_Ra-AuQAR5mqjdlSJjLljXSpr7Viy1y3d1PxaW8-k1zYKGJvvtC51c52LZKcVluD0hRGLSi0tsBgGLP6TMAAIlTAUZeWZo/s400/Por+ti+sofre+o+meu+cora%C3%A7%C3%A3o+2.jpg" border="0" /></a><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Andei barbado, sujo e descalço<br />Como um mona-ngamba.<br />Procuraram por mim<br />“Não viu… (ai, não viu…?) não viu Benjamin?”</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">E perdido me deram no morro da Samba.</span><br /><span style="font-size:130%;"></span><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjL2meJQAZcyKtUgRDhJREU1GvJqZSJenDOydoV_gdvmaY47RsTfFAWD2AW4bWP2LnK23j2kJ6UfeHEeBIN3mMBMUgFzSu7vqYKQAeAmAeFWDL6I03L8qK1AHSgP9bLzUKn8A1U4qDYZNA/s1600-h/Por+ti+sofre+o+meu+cora%C3%A7%C3%A3o+3.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5277168524625246450" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 340px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjL2meJQAZcyKtUgRDhJREU1GvJqZSJenDOydoV_gdvmaY47RsTfFAWD2AW4bWP2LnK23j2kJ6UfeHEeBIN3mMBMUgFzSu7vqYKQAeAmAeFWDL6I03L8qK1AHSgP9bLzUKn8A1U4qDYZNA/s400/Por+ti+sofre+o+meu+cora%C3%A7%C3%A3o+3.jpg" border="0" /></a><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Para me distrair<br />Levaram-me ao baile do Sô Januário<br />Mas ela lá estava num canto a rir<br />Contando o meus caso<br />Às moças mais lindas do Bairro Operário.<br /><br />Tocaram a rumba dancei com ela<br />E num passo maluco voámos na sala<br />Qual uma estrela riscando o céu!<br />E a malta gritou:”Aí, Benjamin”<br />Olhei-a nos olhos – sorriu para mim<br /><br />Pedi-lhe um beijo... e ela disse que sim.</span><br /><br /></p><p align="right"><span style="font-size:130%;"><em>Letra:</em> <strong>Viriato Cruz</strong><br /><em>Música: </em><strong>Fausto</strong></span></p><p><span style="font-size:130%;"></p></span>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-41016319454454147922008-12-02T23:41:00.002+00:002008-12-02T23:48:25.532+00:00VELHOS<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGrniOmWPslWlMylc1l12ejF0El4whvCLogifmTFfueYwhGhb5WDNl1-Kwog9G_t6U9_Nld9KqJi2Oa4n0gdrJ3o9Ppsxi73YS4KqDnzx8Chxao5UPOb551KvZBjDvxcmXAFJLFfL_X8U/s1600-h/Sozinho+no+Jardim+B.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5275342554803416802" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 276px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGrniOmWPslWlMylc1l12ejF0El4whvCLogifmTFfueYwhGhb5WDNl1-Kwog9G_t6U9_Nld9KqJi2Oa4n0gdrJ3o9Ppsxi73YS4KqDnzx8Chxao5UPOb551KvZBjDvxcmXAFJLFfL_X8U/s400/Sozinho+no+Jardim+B.jpg" border="0" /></a><br /><div><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:130%;">Diz que há-de vir<br />Uma era justa e boa<br />Em que o valor da pessoa<br />Se mantém quando envelhece.<br />Está no trabalho que fez.<br />Para conseguir uma coisa como esta<br />Dava o sangue que me resta<br />E era como se tivesse<br />Nascido mais uma vez.<br /><br />Deram-nos este banco de avenida<br />Onde a sombra nos dói e a tarde gela<br />E daqui vemos nós passar a vida<br />Sem que a vida nos sinta perto dela.<br />Assim nos atiraram para fora<br />Das coisas que ajudámos a fazer<br />Ai, como o Sol aquece pouco agora<br />Ai, muito custa, à noite, adormecer.<br /><br />Diz que há-de vir, etc.<br /><br />Fomos pedreiros, varredores, ardinas<br />Fizemos casas, cultivámos terras,<br />Criámos gado, entrámos pelas minas<br />Demos os filhos para as vossas guerras<br />Demos as filhas para vos servir<br />Cortámos lenha para a vossa fogueira<br />E o tempo a ir-se e a gente a pressentir<br />Que vos demos, sem querer, a vida inteira.<br /><br />Diz que há-de vir, etc.<br /><br />E ainda é sangue que nas veias corre<br />Ainda raiva que nos dobra a mão<br />Ainda como um sonho que não morre<br />No nosso velho e atento coração.<br /><br />Diz que há-de vir, etc.<br /><br /><strong>Afonso Dias</strong></span></div>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-82325563386316269502008-11-23T16:43:00.006+00:002008-11-23T16:54:46.410+00:00Andorinha de bigodes<div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:130%;">Andorinha-do-mar-inca</span></div><div align="center"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:130%;">[<em>Larosterna Inca</em>]</span></div><div align="center"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:130%;"></span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:85%;">Foto: <em>Mafalda Frade</em></span></div><div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgEDiYJIT8RTfAHkN4oeW7kFd3PUw_zq1yiPRs-tVEAOMYUn8MGRCmvYya9x3jDWrmOiSWN9tQrWwSIg1kW0RnWCxUbM6wwDqF4zgosOFvTD4VEDelUeGURMq4jBMRP4tU5980_gu4MUI/s1600-h/Andorinha-do-mar-inca.Larosterna+Inca.+A.+de+Bigodes.Foto+Mafalda+Frade.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5271894913106176098" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 391px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgEDiYJIT8RTfAHkN4oeW7kFd3PUw_zq1yiPRs-tVEAOMYUn8MGRCmvYya9x3jDWrmOiSWN9tQrWwSIg1kW0RnWCxUbM6wwDqF4zgosOFvTD4VEDelUeGURMq4jBMRP4tU5980_gu4MUI/s400/Andorinha-do-mar-inca.Larosterna+Inca.+A.+de+Bigodes.Foto+Mafalda+Frade.jpg" border="0" /></a><span style="font-family:trebuchet ms;">De penas pretas, bico e patas vermelhos e uns singulares bigodes brancos, esta andorinha vive em grandes em bandos e passa o Verão nas costas do Peru e do Norte do Chile. Aqui constrói os ninhos em fendas de rocha, em velhas tocas de pinguim ou de qualquer outra ave marinha. No Inverno, muda-se quer para as zonas costeiras do Equador e do Centro do Chile. No mar, alimenta-se de peixes mergulhando o bico na água. Sempre atenta, aproveita para pescar, enquanto os leões-marinhos, as baleias ou os corvos-marinhos se alimentam de grandes cardumes.<br />No entanto, as alterações, que se estão a verificar, das correntes marítimas diminuem a quantidade de alimento nesta costa, afectando as espécies que aí habitam. Muitas ficam sem alimento, como é o caso desta andorinha-do-mar. A pesca excessiva da anchova, seu alimento favorito, associada à indústria que recolhe os dejectos (guano) destas e de outras aves, faz com que esta andorinha corra o risco de extinção.<br />Na Natureza, existem apenas cerca de 150 mil indivíduos. No Oceanário de Lisboa, no <em>habitat</em> do Antárctico, junto aos pinguins, há uma família de andorinhas-do-mar. Se as for visitar, não se surpreenda se algum deles lhe atirar com um peixe. Fazem isso quando querem namorar.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;">___________________</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;"><strong></strong></span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;"><strong>Curiosidade</strong>: quando jovens, têm penas castanhas e o bico e as patas cinzentos.</span> </span></div><p align="right"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:trebuchet ms;">Texto: <em>Oceanário;</em> </span><span style="font-family:trebuchet ms;">Fonte<em>: Terra do Nunca</em></span><span style="font-family:trebuchet ms;"></p></span></span>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-4501054989224507652008-11-20T16:35:00.006+00:002008-11-20T16:50:43.045+00:00Ainda actual?...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQ0wvCHtdVjyKvgZkyxwr793isSMEBk3ywnwyCLQefV047OjExOxEPasYdnk_XHT4gv9zanzj3-ARavTmAPA_Vh28At9HtwMcRv8Sh_QBwJdB88YB0V3zwf5B9eAhZtZVlxGxqd2smAUo/s1600-h/Beb%C3%A9.mix.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5270779756788670530" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 196px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQ0wvCHtdVjyKvgZkyxwr793isSMEBk3ywnwyCLQefV047OjExOxEPasYdnk_XHT4gv9zanzj3-ARavTmAPA_Vh28At9HtwMcRv8Sh_QBwJdB88YB0V3zwf5B9eAhZtZVlxGxqd2smAUo/s400/Beb%C3%A9.mix.jpg" border="0" /></a><br /><div align="center"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:130%;">Cinquenta anos para trás</span></strong><br /></div><div align="center"></div><div align="right"><br /><em>Somos o que somos por termos sido o que fomos</em><br /></div><div align="right"><strong>Eduardo Lourenço</strong></div><div align="right"><strong></strong> </div><div align="right"><strong>*********************</strong></div><div align="right"><strong></strong> </div><div align="right"><strong></strong></div><div align="right"></div><div align="right"></div><div align="right"></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">E fomos coisas espantosas ao longo da nossa história. O que nos tem faltado? Ambição e cultura de rigor e de responsabilidade. O que nos tem sobrado!? Para uns medo do sucesso conquistado com trabalho e seriedade. Para outros, inveja dos que têm sucesso. Para outros ainda, a total falta de oportunidades. Temos um país que, atingindo um nível mais elevado, em vez de continuar a lutar por fazer ainda melhor fica descansado à espera não sei bem de quê. O resultado é evidente. Baixa-se de patamar e gastam-se anos e anos para acordarmos de novo. Só que nessa altura o atraso em relação aos outros países já é enorme e difícil de recuperar. Confesso que por vezes me trespassa um enorme cansaço. Desde pequenito que protesto (defeito meu, talvez), que não me adapto a partidos nem a sindicatos, nem a igrejas, nem à injustiça. Então protesto com a consciência tranquila de quem não se limita a protestar mas indica alternativas.<br /><br />Protesto contra o facto de haver maternidades sem as condições mínimas estabelecidas pela Comissão Nacional de Saúde Materna e Neonatal (CNSMN) e outras maternidades receptoras que não parecem estar a respeitar as regras estabelecidas pela CNSMN.<br /><br />Claro que há serviços de pseudo-urgências a mais. Era preciso encerrá-los. Mas mais uma vez foi feito o mais fácil. Encerrou-se sem cuidar de observar as condições propostas pela Comissão Técnica Nacional criada para o efeito, deixando as populações sem alternativas e sem explicações. Os resultados estão à vista.<br /><br />No denominado Centro Hospitalar do Porto (Hospital Stº António, Hospital Maria Pia e Maternidade Júlio Dinis) na área Materno Neonatal e Infantil vão gastar-se milhões para tudo ficar pior. Em relação aos países modernos vamos regredir cerca de cinquenta anos! As crianças vão continuar num hospital de adultos. As grávidas de alto risco saem de um hospital multidisciplinar e vão para uma maternidade monovalente! Precisamente o contrário do que devia ser feito.<br /><br />Veremos os resultados.<br /><br />Dizem-me também que as crianças deficientes e com dificuldades de aprendizagem vão deixar de ter apoio de profissionais formados para o efeito (muitos no desemprego). Não quero acreditar que seja verdade. Se é, é muito, mesmo muito mau.<br /><br />A palavra de ordem parece ser cortar. Cortar em tudo sem serem oferecidas alternativas de qualidade. Segundo se lê nos jornais, parece que só não se corta nas reformas e indemnizações inacreditáveis a alguns gestores. Num país com famílias com uma taxa de endividamento tão alta e um salário tão baixo isto não é justo.</span></div><div align="right"><br /><strong>Octávio Cunha</strong> (Médico pediatra)<br /><em>Notícias Magazine</em> [10.Fev.2008]</div>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7886331876773323914.post-75812594246389933462008-09-09T16:05:00.002+01:002008-09-09T16:44:40.047+01:00Para quando?<div align="center"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;">DISCERNIMENTO</span></strong></div><div align="center"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></strong> </div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">É difícil compreender como alguns homens podem matar ou mandar matar população inocente, com a ideia de que isso servirá os seus interesses e, eventualmente, os interesses da Humanidade. Os ditos terroristas são seres capazes de oferecerem a sua própria vida enquanto espalham o terror, na defesa dos seus ideais.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span> </div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;">Parecem considerar-se seres iluminados, conhecedores de algo que a maioria não reconhece e capazes de lutarem pela imposição das suas ideias, como se a interrupção da vida física - dos outros e da sua - seja um mal menor. Por vezes até se animam, construindo no seu imaginário a possibilidade de uma recompensa celestial pelo que consideram ousadia, bravura ou heroicidade.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span> </div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;">Em Israel, em Nova Iorque, no Iraque ou em Madrid matam inocentes e mata~m-se, de uma forma aparentemente cega, inabalável e terrivelmente destruidora. Talvez de um modo comparável ao que os Cruzados utilizaram há alguns séculos. Talvez de uma forma menos subtil do que a utilizada ainda nos nossos dias por alguns governantes que mandam despejar bombas ou invadir militarmente países terceiros, mas urdindo uma teia de explicações políticas que possam tornar aparentemente credível tal atitude, ainda que para isso seja necessário utilizar habilmente a mentira, a hipocrisia e outros antivalores.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span> </div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;">Em qualquer desses casos esquecendo-se que o ódio gera mais ódio. Não percebendo ou não querendo perceber que a evolução é algo que se conquista e que não resulta impor. Omitindo que a verdadeira evolução se consegue no respeito por todos.</span></div><div align="center"> </div><div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlvHhJWvIzmPP_3ZRP-Zp0els_bQUQ7M0md2pOBZCNLvLOOhYwWbo1MMV3jTXfifIACLcuFJ6d8CJJM88oWYMhQqYqUpqOXiwZRh_ON7njRfcGwwCPAhmBkiv20WAn66UT_Q_7PV-IqFY/s1600-h/GUERRA%20IRAQUE%20PETROLEO.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5244038354345468658" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlvHhJWvIzmPP_3ZRP-Zp0els_bQUQ7M0md2pOBZCNLvLOOhYwWbo1MMV3jTXfifIACLcuFJ6d8CJJM88oWYMhQqYqUpqOXiwZRh_ON7njRfcGwwCPAhmBkiv20WAn66UT_Q_7PV-IqFY/s400/GUERRA%2520IRAQUE%2520PETROLEO.jpg" border="0" /></a></div><p align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Tal como na escola o aluno só aprende quando se esforça para isso e não quando alguém lhe impõe que tem de saber, também na vida a evolução das pessoas e dos povos só acontece quando aprendem por si próprios e não porque lhes é imposto. Tal como na escola o aluno necessita de ter condições mínimas para aprender (logísticas, pedagógicas, etc.), também na vida as pessoas e os povos necessitam de ter condições mínimas para fazerem a sua própria evolução (sanitárias, económicas, etc.).</span></p><p align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;">Tal como na escola o aprendizado individual não prejudica o colectivo, pelo contrário pode servir de apoio ou incentivo ao aprendizado dos colegas, também na vida a verdadeira evolução individual ou de qualquer grupo só poderá ser a que não prejudica o colectivo, mas, pelo contrário, pode servir de apoio ou de incentivo à evolução de terceiros.</span></p><p align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;">Tal como na escola o professor consegue tão melhores resultados quanto mais conquista a atenção dos alunos e desenvolve neles o prazer de adquirirem conhecimentos pelo seu esforço próprio, também na vida real os grandes líderes se distinguem por conquistarem a atenção dos membros dos seus grupos e de os galvanizarem no sentido de fazerem a sua trajectória evolutiva pelo seu esforço, evitando prejudicar seja quem for.</span></p><p align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;">Enquanto os povos mais abastados e os seus líderes não perceberem a necessidade de reverem o arcaico e injusto sistema de trocas, que permite uma enorme desigualdade de condições com os povos do chamado terceiro mundo, será difícil criar condições de desenvolvimento verdadeiramente sustentável e de evolução pacífica para a Humanidade.</span></p><p align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;">Enquanto os povos mais abastados ignorarem a miséria e a fome que matam milhões de pessoas em certas regiões mais desfavorecidas, não procurando solidariamente conquistar a atenção desses povos para o prazer de construírem um futuro melhor pelo seu próprio esforço, será difícil acabar com ódios e guerras entre seres que se autoproclamam de racionais, mas que demonstram ainda grande dificuldade em raciocinar com discernimento.</span></p><p align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span> </p><p align="right"><span style="font-family:Trebuchet MS;"><strong>Luís Portela</strong><em>, O Prazer de Ser</em></span></p><p align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"></span> </p><p align="justify"> </p>Sol Poentehttp://www.blogger.com/profile/14219023362497444504noreply@blogger.com0