quinta-feira, 5 de março de 2009

Caravelas doiradas a bailar...

Florbela Espanca [Vila Viçosa, 1894 - Matosinhos, 1930]

CARAVELAS…

Cheguei a meio da vida já cansada
De tanto caminhar! Já me perdi!...
Dum estranho país que nunca vi
Sou neste mundo imenso a exilada.

*
Tanto tenho aprendido e não sei nada.
E as torres de marfim que construí
Em trágica loucura as destruí
Por minhas próprias mãos de malfadada!

*

Se eu sempre fui este Mar Morto,
Mar sem marés, sem vagas e sem porto
Onde velas de sonhos se rasgaram!

*

Caravelas doiradas a bailar...
Ai quem me dera as que eu deitei ao mar!
As que eu lancei à vida, e não voltaram!...


Florbela Espanca



1 comentário:

Filipe D. disse...

Florbela, deixa realmente muitas coisas a se pensar!

fiz um poema para ela, se te agradar a ler, é sempre bom saber o que pensam aqueles que admiram a ela, ainda mais quando são conterrâneos da autora!
esta no meu blog!

Ateh!