
Um velho monge shan estava sentado, envolvido numa intensa discussão com um asceta hindu.
O monge explicava que todos os Shan acreditam que, quando um homem morre a sua alma vai para o Rio da Morte, onde o espera um barco para o atravessar para o outro lado, e é por esta razão que, quando um shan morre, os amigos colocam uma moeda na sua boca para pagar ao barqueiro que o leva para a outra margem.
Existe um rio, disse o hindu, que deve ser atravessado antes de se alcançar o céu mais elevado. Todos, mais cedo ou mais tarde, chegam à sua margem e têm de descobrir um meio de atravessar. Para alguns, a travessia é fácil e rápida; para outros, chegar à outra margem, é uma luta demorada e dolorosa, mas todos acabam por chegar a casa.
Nada sei dos mistérios insondáveis da morte. Sei, apenas, que seja onde for ou o que for essa casa onde todos acabaremos por chegar, o teu tempo aqui, Mãe, terminou há 39 anos. Só o meu amor por ti não terminou ainda. Por isso, permaneces viva no meu coração.
2 comentários:
Apesar de ter menos de 6 anos de idade quando a minha avó faleceu, ainda retenho na memória:
… os seus saborosos refrescos de água com cevada e açúcar;
… o momento em que - num sábado (eu passava os sábados com os meus avós) -, notando a minha ausência, foi à minha procura e me apanhou ‘com a boca na botija’, a ‘assaltar’ por uma janela a casa dos meus pais, tentando recuperar um saco de torrões de caramelo e amendoim que o meu pai me oferecera na véspera;
… uma visita ao hospital onde se encontrava internada, no Porto;
… o abraço que o avô João me deu no dia do seu funeral.
Graças ao dom da Fé, acredito que um dia nos voltaremos a encontrar com ela, nessa “casa onde todos acabaremos por chegar”, em comunhão com o Senhor Deus, o infinitamente Bom e Belo.
Nuno
Já me fizeste chorar, Nuninho!
Beijo
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