sábado, 10 de novembro de 2007

Em vez do peixe, dá-lhe a cana!... para que aprenda a pescar.




Há dias em que um simples acaso nos leva a acreditar de novo, nos devolve a fé no ser humano e nos indica o caminho certo e justo.
Por simples acaso passei, hoje, pouco passava do meio-dia, pela RTPN onde se transmitia o programa “Sinais do Tempo”. No meio de tanto lixo televisivo, eis que me foi dado ver, um exemplo do que deve ser um serviço público de televisão.
Soube então que, por exemplo, uma mulher pobre do Uganda pôde desenvolver o seu negócio de manteiga de amendoim artesanal, com a compra dum frigorífico, através da Net, graças a um empréstimo, de menos de 300 dólares, dum cidadão norte-americano.
A organização Kiva (em Swahili =acordo; unidade), põe os pedidos de crédito no site: http://www.kiva.org/ e os financiadores podem emprestar o dinheiro para um dado empreendimento ou contribuindo com pequenas quantias que, somadas, realizarão o total. Não se trata de dar uma esmola, trata-se de financiar, a juros muito baixos ou sem juros, pequenos negócios de pessoas muito pobres, geralmente do Terceiro Mundo, para que possam melhorar as suas vidas e participar no desenvolvimento dos respectivos países.
Todos se lembram de Muhammad Yunus, o economista do Bangladesh que, em 2006, recebeu o Prémio Nobel da Paz, pela criação do Grameen Bank, inventor do microcrédito, que demonstra a grande importância do acesso ao financiamento no combate à pobreza e à exclusão social.
Às vezes, ouvimos falar destas coisas e nem sequer reparamos nos números. Quando, porém, nos apercebemos de que basta qualquer coisa como 250 € para viabilizar um negócio, que vai permitir a alguém viver do seu trabalho com dignidade, coramos de vergonha. Não se trata sequer de “dar a cana”, mas de emprestá-la por um tempo. Pelo que se sabe, até agora, não se registou nenhum caso de financiamento não reembolsado.
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Outro belo exemplo apresentado foi o de um músico paraguaio, oriundo duma família de camponeses pobres e, hoje, maestro da maior orquestra do seu país, que diz só isto: “A vida foi boa para mim. Tenho de retribuir.”
E a forma que encontrou para retribuir foi o seu projecto “Os Sons da Terra”, que se destina à criação de escolas de música, nos bairros mais pobres, onde se ensina também a ser cidadão empenhado e solidário e onde, por vezes, se descobrem grandes talentos. Mudando a vida destas crianças, persegue o sonho dum Mundo melhor e mais belo, onde o nascimento no sítio errado impeça o desenvolvimento das melhores capacidades do ser humano.
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A RTPN proporcionou-me, hoje, um dia mais feliz. Porque me lembrou que ainda há pessoas, genuinamente boas, que conseguem vencer, nelas e em nós, a caridadezinha humilhante e a indiferença que magoa. Afinal, ainda não está tudo perdido... Afinal, ainda há uma réstia de esperança.

1 comentário:

eulalia disse...

Excelente post! Aproveito para felicitá-la pelos seus blogues.
fazem transparecer ser, a Elisabete, um ser humano sensível às grandes causas humanitárias. bem haja!

eulalia (maya no hi5)